Apresentador do "Seleção Sportv", André Rizek comentou, durante o programa da última terça-feira, sobre a "Operação Penalidade Máxima", que investiga a manipulação de resultados de jogos do futebol brasileiro. O jornalista lamentou um novo escândalo envolvendo interferências externas na modalidade e cobrou rapidez do Governo Federal no processo de regulamentação das casas de apostas.
Rizek foi um dos jornalistas da revista "Veja" a ajudar a revelar o caso da "Máfia dos Apitos", em 2005. Esquema onde árbitros estavam manipulando resultados de partidas dos principais torneios nacionais para ajudar apostadores a lucrarem com os placares encomendados.
Ele relembrou a reportagem que participou e citou também o esquema da "Máfia das Loterias", na década de 1980, primeiro grande caso de manipulação de resultado no futebol brasileiro. O esquema, que fraudava resultados em favor de um grupo de apostadores do principal jogo de azar da época, foi revelado pelo jornalista Sérgio Martins, da revista "Placar".
- Sobre a "Operação Penalidade Máxima", é o terceiro grande escândalo de manipulação de resultados na história do futebol brasileiro, pelo menos os que foram revelados. E podem ter outros que a gente até hoje não sabe. É um escândalo que tem tudo a ver com o que a gente vive atualmente com a quantidade de sites de apostas, onde você não aposta somente nos resultados. Se pode apostar em diversos fatores da partida. O esquema de hoje envolve muito mais dinheiro - iniciou.
Na sequência, Rizek cobrou medidas do Governo Federal nas casas de apostas e uma regulamentação da prática.
- O Governo Federal precisa criar mecanismos que estes sites possam avisar as autoridades quando houver um volume de apostas em determinado evento. E ela (a regulamentação) talvez não seja suficiente. Porque é um mercado, gostem ou não, que já chegou e veio para ficar. Ele está presente em todos os grandes times do futebol brasileiro em alguma forma de patrocínio. Então o mercado chegou e com ele os riscos que envolvem as apostas. Vivemos um momento muito delicado no esporte - completou.
ENTENDA O CASO
Na última terça-feira, o Ministério Público de Goiás (MP-GO) iniciou a Operação Penalidade Máxima II, que visa investigar a atuação de uma organização criminosa na manipulação de resultados de jogos de futebol, inclusive da Série A do Brasileirão. O órgão informou que já foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão em 16 municípios de seis estados brasileiros. Um destes mandados foi contra o zagueiro Victor Ramos, da Chapecoense, conforme publicado pelo portal "ND Mais", filiado à "Record TV".
Segundo o MP-GO, há suspeitas de que o grupo criminoso tenha atuado em pelo menos cinco jogos do Brasileirão de 2022, além de cinco partidas de Campeonatos Estaduais deste ano. A investigação descobriu que os criminosos tentavam cooptar jogadores de futebol com ofertas entre R$50 mil e R$100 mil para que interferissem em eventos dos jogos. A interferência beneficiaria os apostadores em detrimento das casas de apostas, que estariam sendo lesadas pelas manipulações.
A nova investigação é um desdobramento da Operação Penalidade Máxima, que identificou suspeita de manipulação em jogos da Série B do Brasileirão no ano passado.