Messi busca o título que lhe falta no currículo para se juntar ao ídolo Maradona

Astro argentino está a um jogo de alcançar a glória máxima do futebol mundial em sua despedida de Copas diante da França

17 dez 2022 - 21h10
(atualizado às 22h17)
Lionel Messi está em busca de seu primeiro título de Copa do Mundo.
Lionel Messi está em busca de seu primeiro título de Copa do Mundo.
Foto: Lance!

Lionel Andrés Messi Cuccittini torna o esplêndido comum. Seu talento quase sobrenatural lhe deu fama, adoração, fortuna e uma carreira irretocável, com 40 títulos e sete prêmios de melhor do planeta. Mas existe um troféu que o craque argentino ainda não levantou: o da Copa do Mundo.

Ainda que se diga que sua idolatria seguirá a mesma com ou sem a taça pela Argentina, a obsessão do camisa 10 é coroar, aos 35 anos, uma trajetória extraordinária com a conquista que lhe falta. Ele tem neste domingo, contra a França, a oportunidade derradeira de alcançar o Santo Graal do futebol mundial.

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"Estamos a um passo do nosso objetivo depois de lutar muito", disse o capitão argentino, cuja braçadeira ele veste há uma década. O pensamento do atacante é coletivo. Os recordes batidos, marcas de expressão e outros números não importam se a Argentina amargar mais um vice, repetindo o que aconteceu em 2014, no Brasil, quando a taça escapou a ele e a seus companheiros por detalhes e ficou com a Alemanha. "Tudo isso é lindo, mas na final eu quero outra coisa. O mais importante é conseguir o objetivo do grupo".

Suas apresentações geniais e a sua melhor versão em Copas, com cinco gols e três assistências em seis partidas, foram fundamentais para levar a Argentina à decisão. As marcas expressivas não mais impressionam porque quem acompanha Messi está acostumado a vê-lo superar recordes.

Messi é o goleador máximo de sua seleção na história das Copas (11 gols), o artilheiro do torneio do Catar ao lado de Mbappé (cinco) e se tornará neste domingo o atleta com mais jogos em Mundiais, superando o alemão Lothar Matthäu ao jogar uma partida de Copa do Mundo pela 26ª vez.

"O que posso dizer sobre Messi que já não foi dito? Dou graças a Deus por ser argentino. Ele é o melhor do mundo", salientou o zagueiro Lisandro Martínez.

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Os argentinos têm o entendimento de que Messi, independentemente do resultado da final deste domingo, já está na mesma prateleira que o ídolo Diego Maradona, morto em 2020. Consideram que o capitão da atual seleção tem um lugar ao lado do dono do gol do século e principal responsável pelo título mundial em 1986.

Mas a vitória sobre a França não deixará dúvidas para ninguém. Argentina campeã com Messi protagonista de uma Copa como nunca se viu deixará o camisa 10 consolidado no panteão dos melhores da história. O técnico Lionel Scaloni já está convicto disso.

"Se Messi é o maior da história? Às vezes parece que é porque somos argentinos, somos assim, mas creio que não haja qualquer dúvida", opinou. "Tenho o privilégio de treiná-lo, de vê-lo e é emocionante. Cada vez que você o olha, gera algo no companheiro, nas pessoas, e não só para os argentinos. É algo que vai além. É uma sorte e um privilégio".

Novo Messi

Nasceu em 2019 após decepções um novo Lionel Messi. Na penúltima Copa América, sediada no Brasil, o craque argentino começou a ser mais Maradona. Deixou de ser um personagem introvertido, tímido e apresentou sua versão mais pujante e enérgica.

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A gênese desse personagem maradoniano se deu na noite de 6 de julho de 2019, quando foi expulso na disputa pelo terceiro lugar com o Chile. Sua seleção ficou com o bronze depois de vencer os chilenos, mas ele recebeu o vermelho naquela partida e afirmou que o torneio estava "armado" para o Brasil vencer. Dias antes, a seleção brasileira eliminou a Argentina em jogo em que o time alviceleste reclamou da não marcação de dois pênaltis.

O camisa 10 detonou a arbitragem, acusou a Conmebol de corrupção e disse que a Argentina não faria parte daquilo. Depois da partida, se recusou a receber a medalha de bronze."Não fui à premiação porque nós não temos de ser parte desta corrupção. Nos faltaram com respeito durante toda a Copa. Não nos deixaram chegar à final", reclamou o craque na época.

Essa versão contestadora foi consolidada no Mundial do Catar com o famoso "¿Qué mirás bobo?" que lançou para o centroavante holandês Wout Weghorst. A frase virou estampa de camisetas e canecas, rodou o mundo e se tornou símbolo da nação na Copa. O Messi maradoniano no Catar também devolveu as provocações de Van Gaal com insultos e uma comemoração a la Riquelme, mostra empenho ao ajudar os colegas na marcação e comemora cada vitória como se fosse a última. Será neste domingo.

"Estou desfrutando. Faz algum tempo que eu venho desfrutando muito da seleção, depois de tudo o que passamos, conseguimos a Copa América, chegamos ao Mundial com 36 jogos invictos, e terminar tudo isso com uma final é incrível".

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O título da Copa América de 2021 teve papel importante nessa transformação do craque argentino. O troféu, conquistado com vitória por 1 a 0 sobre o Brasil na final no Maracanã, afastou a fama de "pecho frío" do camisa 10, muitas vezes considerado mais espanhol do que argentino por ter passado uma vida no Barcelona, responsável por desenvolvê-lo no futebol.

Ele se afirmou como líder também com as palavras, nas quais tropeçou por anos. Sempre foi uma liderança técnica, mas passou a ser também uma referência para os companheiros no vestiário. Seu discurso antes e depois de cada partida e o comportamento com os atletas lhe fez ser uma figura ainda mais idolatrada. No Catar, ele é venerado e deixa devotos, entre torcedores, jornalistas e rivais.

"Vejo ele feliz hoje, como todo argentino", disse o goleiro "Dibu Martínez", na véspera da finalíssima. Ele tem uma forte ligação com o ídolo que virou amigo, a ponto de ele dizer que morreria por Messi. O capítulo mais importante de sua fantástica trajetória no futebol termina neste domingo no Oriente Médio. Resta saber se o futebol dará a Messi a Copa que lhe falta.

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