A notícia que o público brasileiro esperava por algumas semanas, veio oficialmente nesta quarta (06/11): Gabriel Bortoleto será piloto da Sauber na F1 em 2025. Após uma série de idas e vindas, além de inúmeras especulações, o acordo veio.
Seguindo o padrão atual, o contrato é “multianual”. Especula-se em um formato 2+1, o que não seria a pedida original da Sauber/Audi (2+2). Havia também a McLaren no caminho, mas que não se opunha à ascensão de Bortoleto, porém buscava uma segurança caso um de seus pilotos fosse embora em breve. O time de Woking inclusive postou uma mensagem carinhosa em suas redes sociais, desejando boa sorte à Bortoleto.
Nos últimos anos, Bortoleto mostrou uma evolução muito positiva em seus resultados e com uma postura muito realista da sua situação. Originalmente, seu planejamento passava por, pelo menos, 2 anos de F3 e 2 anos de F2. Mas as circunstâncias levaram a uma antecipação positiva destes planos: campeão da F3 em 2023 e agora disputando o título da F2, que tem mais duas provas (Catar e Abu Dhabi).
Além disso, sua entrada no programa de desenvolvimento de pilotos da McLaren foi importante e seus testes feitos com o carro de 2022 na Austria foram bem positivos. Tudo isso foi levado em consideração para que a decisão de efetivá-lo fosse considerada.
É hora de comemorar sim esta notícia. Mas, como escrevi alguns dias atrás, Bortoleto tem alguns desafios nesta sua nova fase de carreira. Entrar na F1 é muito importante. Afinal, toda a jornada foi construída em cima deste objetivo e chances não podem ser desperdiçadas, ainda mais com poucas vagas disponíveis.
Bortoleto chega em uma equipe em transição de identidade. Aos poucos, a Audi se prepara para ser um time de fábrica (ao menos, é o que vem sendo feito até aqui) e uma série de pessoas e procedimentos vem mudando. 2024 tem sido uma temporada onde os resultados simplesmente não vieram e o C44 mostrou-se inoperante.
Será preciso cabeça fria por parte do piloto para entender todo o ambiente e não se deixar levar pela maré. Afinal de contas, ele também fará parte desta construção de uma nova estrutura e mentalidade. E sabe que sua abordagem será observada não somente pela Sauber, mas por toda a F1.
Para a F1, é importante ter um piloto brasileiro, que representa boa parte do público que interage nas redes sociais atualmente e motivar uma participação maior na audiência televisiva da categoria (o Brasil já foi o principal país neste campo). Sem contar que o Brasil é um mercado importante para diversas empresas que hoje fazem parte do circo.
Um ponto importante aqui será a reação do público brasileiro. Se considerarmos participações, desde 2020 não temos um piloto disputando o campeonato (Massa foi o ultimo a fazer todas as provbas em 2017) e há toda uma história envolvendo o Brasil e a F1. Outros países tradicionais como França e Itália já ficaram sem representantes no grid. Mas o brasileiro é passional e quer ver bons resultados.
Diante do quadro da Sauber, o foco do brasileiro deve ser apoiar Bortoleto e torcer para que ele tenha condições de ter bom desempenho e adaptação neste primeiro ano e construa sua reputação na F1. Paciência aqui será um mantra necessário. Até porque a Audi quer também desenvolver seus próprios talentos e a chance de um crescimento conjunto é muito importante.
Outro ponto a ser considerado é a chegada de vários de jovens à categoria e um bom desempenho de Bortoleto também traria uma credibilidade ao esquema de categorias de base desenhado pela F1. Não é de hoje que principalmente a F2 era questionada sobre a sua viabilidade de fornecedora de talentos para a F1 (isso vem em outro artigo).
Além disso, é importante para que o automobilismo no Brasil possa se fortalecer: ter representantes no topo da pirâmide incentiva a chegada de pilotos, público e apoiadores. É o famoso círculo virtuoso, onde uma coisa vai se movimentando em prol da outra. O que é ótimo para os fás do esporte.
Vamos aproveitar o momento agora. Depois, nos preocupamos com os detalhes. Seja bem-vindo à F1, Gabriel Bortoleto!
