O mundo do esporte a motor tem um mantra que não sai de moda: você é tão bom quanto a sua última corrida. Muitas vezes ele se aplica e na F1 não é diferente. A vítima mais recente desta máxima é Franco Colapinto.
O argentino de 21 anos surgiu na F1 como um raio e chamou a atenção de todos pela sua impetuosidade e carisma. Substituindo Logan Sargeant, Colapinto pontuou na sua segunda prova (8º lugar no GP do Azerbaijão) e se transformou em uma efetiva sombra para Alex Albon, especialmente nos treinos.
Que Colapinto mostrou velocidade logo de cara, é inegável. A Williams cresceu esta temporada e o argentino mostrou que o carro realmente tinha potencial. Pegando o histórico de Colapinto, não dava mostras de que casaria tão bem com a F1, mesmo com um repertório tão vasto (até protótipo Colapinto pilotou: em 2021, conduziu LMP2 no ALMS, ELMS e até as 24 Horas de Le Mans).
Mas a impetuosidade paga o seu preço. Mesmo tendo pilotado uma variedade de carros, Colapinto não tinha andado em um F1. O aprendizado do argentino tem sido feito na marra. Na busca pelo limite, os acidentes vêm. E chegaram em Interlagos e Las Vegas.
Muita gente nas redes sociais já foi jogar pedra em Colapinto. Alguns destes que tinham falado maravilhas deles. Isso sempre aconteceu, mas na velocidade estonteante das redes sociais, a coisa fica mais exacerbada.
Calma, moços e moças. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra.
O fato de Colapinto ser um poço de carisma ajuda a aliviar a onda de criticismo sobre os seus acidentes. Podemos afirmar que ele ajudou a aumentar consideravelmente a conta da Williams com os últimos estragos. Se fosse outro piloto, até mesmo alguns já estabelecidos, teriam talvez o seu pedido de saída pedido em praça público e abaixo assinado.
Este é o ponto de trazer jovens pilotos. Quantos vimos nos últimos tempos que foram afoitos e acabaram encontrando seu caminho. O “jovem veterano” Max Verstappen, para exemplificar, também aprontou das suas no início e achou seu caminho. Outros maldosos ainda lembrarão de Mick Schumacher, que fez uma bela destruição de chassis enquanto esteve na F1.
Não só nos anos mais recentes, mas historicamente isso acontece. Vários pilotos jovens vieram se garantir e acabaram por depois entrar no eixo e se mostraram grandes. Outros se confirmaram fiascos. Só o tempo acaba por confirmar.
Não sabemos ainda se Franco Colapinto será mais um na multidão ou pode ser um futuro campeão. Mas em tempos de testes cada vez mais restritos, os acidentes acabam sendo mais frequentes. No caso de Colapinto, temos que considerar que as atenções sob ele aumentaram por conta da Argentina (o publico local tem dado uma atenção tremenda à F1) e pela possibilidade de assumir um posto no “mundo Red Bull” em 2025. Querendo ou não, isso afeta de certa forma a performance.
O preço do aprendizado acaba sendo esse. A formação de um piloto também passa pelos acidentes pela busca do limite e do entendimento de como chegar nele. Ainda é momento de paciência com Colapinto, mesmo que ao custo de vários milhões de dólares. Mas disso o respeitável público também gosta...Segue o jogo.