Há um consenso entre quem acompanha a F1 de que Melbourne não é um retrato muito definido do que pode ser a temporada desde quando passou a ser a abertura dos trabalhos oficiais da categoria por conta de ser uma pista de rua, a despeito das mudanças que foram feitas em 2020 e a tornaram muito mais dinâmica.
Porém, este ano, mesmo com a variação climática, uma luz de alerta acendeu na F1: o desempenho da McLaren.
Desde a temporada passada, especificamente a partir de Miami, a McLaren teve um grande ganho de desempenho e terminou como o carro a ser batido, garantindo ao time um título de Construtores que não vinha desde 1998. Com este quaro, veio como a favorita para 2025.
Os curtos testes no Bahrein deram a impressão ao mundo da F1 que os Papaya viriam como os mais fortes, mesmo isso não se refletindo claramente na tabela de treinos. O MCL39 quando apareceu mostrou como uma evolução do bom pacote do ano anterior. O time técnico, desta vez com a atuação de Rob Marshall (ex-Renault e Red Bull) desde o início, focou em trabalhar em dois pontos: tração e redução de arrasto.
Mesmo sendo uma prova extremamente atípica, chamou a atenção como a McLaren tratou os pneus em Melbourne. Uma das características da pista, que foi reforçada após as modificações no traçado, é que o pneu simplesmente perdia o desempenho na última parte do traçado. E neste ponto foi o grande diferencial das McLaren em relação à concorrência: o tratamento dos pneus. Aqui tem influência dos pilotos, mas o carro deu confiança para tal. Só na classificação, o ganho aqui foi de pelo menos 3 décimos em relação à concorrência.
Há de se considerar que, por conta da indefinição quanto ao tempo, todas as equipes não extraíram o melhor do carro em pista seca. Mas o que fez a McLaren em relação à concorrência chamou muito a atenção, dominando a corrida com tranquilidade. Em entrevista pós-corrida, Christian Horner, o chefe da Red Bull, falou que Verstappen conseguiu manter o ritmo por cerca de 6/7 voltas, mas teve que abrandar para que não arrebentasse os pneus.
Soa até irônico ver a Red Bull falando desta forma, sendo que foram quem conseguia ter um melhor desempenho com os pneus. Aí vai a combinação do trato da suspensão e da aerodinâmica. Neste momento, a McLaren parece ter o melhor entendimento.
Há de se considerar sim que os carros estão em início de desenvolvimento, que foi um final de semana confuso pelas condições climáticas e as características de Melbourne. Porém o ritmo foi muito constante e a aproximação de Verstappen sob Norris no fim da corrida só foi possível por danos no assoalho do britânico após a rodada no final da prova.
Muitos dizem que o endurecimento das verificações da FIA sobre as asas pode prejudicar (a principal mudança vem na Espanha, mas na China começa uma maior atenção nas asas traseiras). Sem contar o próprio processo de desenvolvimento, que já foi iniciado e deve ser mais acelerado nas próximas provas. Na China, teremos mais um retrato da situação. Mas a McLaren se cacifa para voos mais altos. Norris e Piastri esperam que isso se confirme.