F1: Qual é a Sauber que receberá Gabriel Bortoleto em 2025

Após a euforia com a confirmação da titularidade para 2025, fãs se perguntam que Sauber espera Gabriel Bortoleto

11 nov 2024 - 17h57
(atualizado às 17h58)
Mecânicos da Sauber se preparando para o GP de São Paulo deste ano. O que menos se espera são braços cruzados...
Mecânicos da Sauber se preparando para o GP de São Paulo deste ano. O que menos se espera são braços cruzados...
Foto: Sauber Motorsport AG / Divulgação

Com o anúncio de Gabriel Bortoleto como piloto da Sauber em 2025, o público brasileiro soltou rojões com a confirmação. Afinal de contas, desde 2017 o país não tem um representante por toda a temporada. Porém, a preocupação que aparece é: que Sauber é essa que Bortoleto terá?

O retrato atual da Sauber não é dos melhores: o time é o único a não ter pontuado até o momento na temporada 2024, fez terríveis trabalhos de box e o C44 mostra ser um carro bem consistente por não andar bem em qualquer tipo de pista (o melhor resultado até aqui foi a 11ª posição de Guanyu Zhou no Bahrein).

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De concreto é que a Sauber é um time em transição. É público o processo de aquisição por parte da Audi, que vem acontecendo desde o ano passado e o controle total foi concluído este ano. Estima-se que os alemães gastaram quase US$ 600 milhões até o momento só com esta operação.

Em termos de estrutura, os alemães vêm focando em desenvolver a unidade de potência de 2026, o que vem acontecendo nas instalações de Donau e Neuberg, ambas na Alemanha. Em Hinwill, sede da Sauber na Suíça, o ritmo também é febril...

Embora a Audi tenha mostrado anteriormente que não brica quando entra em competição, existem alguns pontos de atenção: O projeto foi iniciado por uma diretoria, que nomeou Andreas Seidl, ex-McLaren, para comandar a transição. Só que uma série de discussões internas, trocas e desacertos levaram à demissão de Seidl. Bem como também de toda a diretoria que escolheu focar na F1 e descontinuar todos os demais projetos de esporte a motor...

Para o comando, recentemente chegou Mattia Binotto, ex-Ferrari. O suíço tem o objetivo de continuar o processo de transição e de desenvolvimento de motores, área em que atuou por anos na marca italiana.

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Neste processo, vários profissionais de outros times têm sido contratados, a despeito das resistências para trabalhar na Suíça (maiores impostos e regras trabalhistas mais rígidas). Um dos principais nomes para 2025 é Jonathan Wheatley, atual Diretor Esportivo da Red Bull, onde é um dos pilares do time (chegou quando a empresa de energéticos comprou a Jaguar). Wheatley vem para comandar o time. Mais recentemente, também confirmou-se a chegada de Iñaki Rueda, ex-Ferrari, para o posto de Diretor Esportivo.

Reforço de peso na mureta: a partir de 2025, Jonathan Wheatley assume o comando da Sauber/Audi
Foto: Red Bull Content Pool

Embora possa fazer mais investimentos que as demais por conta do desempenho dos últimos anos (por conta do teto orçamentário existe uma limitação para gastos em melhorias em equipamentos e infraestrutura), a Sauber conta com uma estrutura bem satisfatória. A joia da coroa é o túnel de vento, construído na época da união com a BMW e considerado um dos principais da Europa atualmente. Para se ter ideia, a F1 o utilizou no desenvolvimento do regulamento atual e do pacote de 2026 e a FIA/ACO é cliente para a homologação dos carros do FIA WEC.

Para a parte técnica, hoje quem está à frente da área é James Key, que esteve na McLaren até o ano passado e bateu ponto na própria Sauber entre 2010 e 2012. Mas não seria surpresa se houvesse alguma mudança neste aspecto, pois Key foi uma contratação feita por Seidl e o C44 mostrou muitos problemas, embora quando chegou a Sauber em 2023, o projeto básico já estava concluído. Porém, a decisão de mudar o sistema de suspensão dianteira pode ter seu dedo (lembrando que a McLaren MCL36 foi a única a adotar o sistema pull rod junto com a Red Bull).  

Ainda sobre o carro: em tese, 2025 não será um ano de revoluções, pois é o último ano do regulamento técnico atual. As grandes mudanças de conceito foram feitas nesta temporada e como os times terão que administrar o tempo de desenvolvimento com o projeto de 2026, a ideia é não fazer grandes alterações. No caso da Sauber, o projeto fica mais amarrado pelo fato de usar suspensões e unidades de potência da Ferrari (o câmbio internamente também é italiano, mas a caixa em si é desenvolvida pelo próprio time).

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Zhou e Bottas em São Paulo: uma temporada muito discreta até aqui
Foto: Sauber Motorsport AG / Divulgação

A tendência da Sauber deve ser em fazer um processo de correção do C44 (já começou no Brasil com uma nova fixação da suspensão dianteira) e focar no carro de 2026, que representará uma ruptura com o modelo atual. Aliás, esta deve ser a linha de todos os times, pois é importante guardar recursos e não haverá colher de chá no teto orçamentário.

Neste ponto, é importante observar que, aqueles que terminarão mais atrás no campeonato deste ano terão mais tempo de desenvolvimento. No contexto, hoje a Sauber teria mais tempo de túnel de vento até o final de junho...

Trazendo todos estes pontos, esta será a Sauber de Gabriel Bortoleto em 2025: um time em reconstrução técnica e de identidade. O grande passo é 2026 e que o brasileiro tenha a oportunidade de aprender o que é a F1, trazer o máximo de seu companheiro de equipe e confirmar a boa impressão que deixou até aqui. Que o respeitável público apoie e tenha paciência...

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