Foram apenas três corridas realizadas na temporada de 2023. Pouco, mas já suficiente para a Ferrari entrar em estado de tensão. Entre quebras, erros de pilotos ou simplesmente falta de ritmo, a Scuderia vive seu pior início de campeonato em 14 anos.
Após o GP da Austrália, Carlos Sainz, que até fez boa corrida, mas acabou punido por toque em Fernando Alonso e acabou sem pontos, comparou o SF-23 com o carro que é referência da temporada: “No momento, a Red Bull está superior em tudo. Superior em classificação, em corrida, em velocidade de reta, em curvas de média e baixa, em gestão de pneus, em zebras e ondulações”, afirmou ao portal Autosport.
O espanhol dá seu diagnóstico para o que pode ter sido a motivação da Ferrari em seguir pela linha em que está hoje: “Acho que o desempenho extremamente bom no começo do ano passado nos fez, penso eu, continuar insistindo nesse conceito, nesse projeto de carro.”
Para Sainz, o déficit em relação à rival é sinal de que é hora de buscar algo novo que possa fazer a equipe ressurgir como uma potência: “Isso mostra claramente que precisamos mudar algo. Precisamos ir (à fábrica) checar por alguma coisa muito diferente de onde estamos agora.”
O piloto entende que é o momento de buscar referências em outras equipes para levar o conceito para outro caminho. “Acho que agora percebemos que a Red Bull tem uma clara vantagem em tudo e que precisamos começar a olhar para os lados”.
Vasseur descarta eventual “SF-23 B”
Se Sainz não esconde que quer ver uma mudança de direção no desenvolvimento e espera por um carro renovado, Fredric Vasseur prefere se manter firme à ideia de continuidade. Sobre a necessidade levantada por seu piloto, de ter uma revisão mais profunda do projeto, o chefe do time é categórico: “Não, eu não acho.”
“Estamos nos mantendo no plano. Fizemos ajustes em termos de equilíbrio e comportamento do carro, e já estava muito melhor em Melbourne, e vamos continuar nessa direção”, afirmou o francês, também à Autosport. “Não é um carro ‘B’, se é o que quer dizer. Não vamos trazer algo completamente diferente. Vamos continuar evoluindo esse, e vamos tentar evoluir bastante.”
Vasseur explica que a Ferrari confia no potencial de evolução do carro que tem em mãos: “Temos a sensação, e eu espero estar certo, de que estamos indo na direção certa, que ainda temos muito o que melhorar no carro”, disse. “Já levamos melhorias para Melbourne, e vamos continuar.”
Ele explicou, ainda, que uma mudança radical de direção é uma tarefa ainda mais complicada em uma F1 com teto de gastos: “Fazer um novo projeto do zero durante o ano com o teto de gastos, além da restrição de uso do túnel de vento, não diria que é impossível, mas é muito difícil.”
O plano de desenvolvimento da Ferrari
Vasseur explicou o planejamento da Ferrari: “Sempre temos um plano de desenvolvimento para o ano, e isso vai mudando conforme as circunstâncias”. E detalhou: “Temos um fluxo de novidades que virão não para Baku, porque já temos o pacote para essa pista e por causa da sprint, mas para Miami sim, depois Ímola sim, Mônaco não, e Barcelona sim. Em cada corrida, uma atualização no carro.”
Ciente de que o carro precisa de mais ajustes para poder voltar a sonhar com vitórias (já que pensar em títulos talvez seja sonhar alto demais...) o chefão disse o que pode ser adaptado nesse plano: “O que podemos fazer é acelerar esse processo, talvez com algumas diferenças em termos de acertos, e coisas assim.”
De qualquer forma, fez que questão de reforçar que uma mudança radical está descartada, ainda mais no estágio inicial em que se encontra o campeonato: “Só não podemos mudar massivamente o plano depois de três corrida e dizer ‘ok, temos que mudar tudo’”.