Alguns dizem que sorte não existe, mas que a competência acaba por premiar os bons. Afinal, a excelência seria o meio de aproveitar e criar oportunidades. Na F1, não é diferente.
Se fossemos analisar por um meio lógico, dadas as últimas etapas, esta corrida não seria de Max Verstappen. As McLaren se mostraram em um ritmo muito mais superior e o piloto da Red Bull teria uma punição de 5 posições a cumprir pela troca do motor a combustão.
E mesmo com o treino na manhã de domingo, com as condições únicas de Interlagos sob chuva, a lógica parecia mantida. E seria piorada com o fato de Verstappen ter ficado em 12º lugar quando estava durante uma volta rápida quando a classificação foi interrompida (o deixando louco de raiva). Assim, um Norris na pole position e uma longínqua 17ª posição parecia que deixavam Verstappen em maus lençóis.
Só que a magia de Interlagos entrou em ação...
Alguns pilotos que estavam à sua frente tiveram problemas no resto do treino ou largaram dos boxes, final do pelotão ou não largaram. E Verstappen já havia mostrado no mesmo Interlagos em 2016 toda a sua qualidade em pista molhada.
Já na primeira volta, havia passado em 11º lugar. E veio escalando o pelotão, criando oportunidades até onde não era possível. Enquanto isso, Norris havia largado mal e ficou atrás de Russell, que tinha largado em 2º e pulou na frente.
A chuva foi piorando e pela altura da volta 30, começou o trabalho de troca de pneus. Só que veio a batida de Franco Colapinto, o que motivou a bandeira vermelha à volta 33.
Aqui, a sorte sorriu para Verstappen.
Como a chuva vinha piorando, equipe e piloto haviam decidido ficar na pista. Quando a bandeira vermelha veio, Verstappen só estava atrás de Esteban Ocon. Como o regime de bandeira vermelha permite a troca de pneus, assim o fizeram. Enquanto isso, Norris, que havia parado um pouco antes e ultrapassado Russell, o que levaria a assumir a liderança em condições normais, ficou na 5ª posição.
A grande chance de Norris de chegar mais perto e lutar pelo campeonato, se esvaiu.
E terminou de uma vez quando da relargada, quando quase que ao mesmo tempo Verstappen passou Ocon e Norris acabou saindo da pista no S do Senna. A partir daí, Verstappen entrou no modo matador, abrindo diferença e fazendo volta mais rápida uma após a outra.
Podemos sim colocar esta corrida no patamar de grandes atuações de um piloto em chuva. Talvez a atuação de 2016 tenha sido mais espetacular, mas Interlagos 2024 se torna a mais importante até aqui. Não só pela vitória em si, mas por praticamente decretar seu 4º título seguido e levar um vento fresco a uma Red Bull que vem sofrendo para reencontrar o bom funcionamento do RB20 e dar esperanças na briga dos Construtores, onde sai a grana para bancar a estrutura.
Mais do que nunca, hoje Verstappen foi Maxshow ou como diz a infame musica cantada pela torcida, o Super Max. E mesmo aqueles que torcem o nariz para ele, tem que admitir o seu grande talento e que Interlagos tenha garantido seu triunfo e um de seus grandes momentos na F1.
Agora, resta a Norris reunir seus cacos e ajudar a McLaren a conquistar o título de Construtores e fazer o melhor para tentar criar estas oportunidades que sorriem aos competentes....
Verstappen parece ser um daqueles que não acreditam em chavões e em sorte. Mas não dá para negar que os deuses da velocidade lhe sorriram mais uma ver em Interlagos. Em um fim de semana que se lembrou tanto de Ayrton Senna, que se consagrou em pista molhada, a atuação de Verstappen tenha sido a melhor forma de homenagem.