No futuro, algumas corridas da Fórmula 1 em 2023 serão vítimas de injustiças históricas. As vitórias tranquilas de Max Verstappen podem fazer parecer que as provas são monótonas como um todo. E nem sempre isso é verdade. A prova realizada em Interlagos é um exemplo. É fato que a vitória de Verstappen não esteve em cheque em nenhum momento. Mas houve, sim, ação interessante na prova paulistana.
A começar já antes da largada, quando Charles Leclerc bateu sozinho ainda na volta de apresentação. A largada em si também foi agitada, com batida e bandeira vermelha. Com bandeira verde, muitas ultrapassagens e uma excelente batalha valendo pódio foram alguns dos destaques da corrida de Interlagos.
Confira no detalhe como foi o GP de São Paulo de 2023.
Começo conturbado desde antes da largada
A ação começou antes mesmo da largada. Ainda na volta de apresentação, Leclerc rodou no Laranjinha e bateu. Um papelão inesquecível do monegasco, que largaria da primeira fila.
Verstappen, sem ninguém ao seu lado, largou bem e apenas manteve a ponta. As duas Aston Martin, partindo da segunda fila, tiveram saídas muito ruins e perderem posições para Norris e Hamilton. O piloto da McLaren conseguiu se colocar por dentro e pulou para 2º. Hamilton terminou o S do Senna em 3º.
Mais atrás do pelotão, um enrosco entre os dois carros da Haas e Alex Albon acabou por jogar o Williams do tailandês para o muro. Magnussen foi junto. Fim de prova para ambos e safety car acionado. Hulkenberg sofreu danos em seu carro, mas seguiu na prova.
Com o enrosco, um pneu do carro de Albon voou e atingiu a asa do carro de Ricciardo, que nada tinha a ver com a bagunça. Piastri foi outra vítima dos detritos. Os dois voltaram aos boxes e recolheram para suas respectivas garagens. Já eram 5 pilotos fora em apenas uma volta de corrida.
A direção de prova lançou mão da bandeira vermelha para reparos na barreira danificada por Albon. A corrida seria reiniciada em cerca de meia hora.
Relargada tranquila
A relargada foi limpa. Verstappen se manteve em primeiro, seguido por Norris. Alonso atacou Hamilton na Reta Oposta e tomou o 4º lugar. Russell, Perez, Stroll, Sainz, Gasly e Ocon entre os pontuadores. Piastri e Ricciardo, que teriam abandona se não fosse a bandeira vermelha, relargaram dos boxes com uma volta a menos. Piastri era o único de médios.
Norris chegou em Verstappen e tentou o bote na volta 8, tanto na Reta dos Boxes quanto na Oposta, mas o holandês se defendeu bem e segurou a liderança. Na mesma volta, ele apertou o ritmo e abriu distância segura para sair da zona de DRS do britânico.
Verstappen, Norris e Alonso abriam em relação ao resto do pelotão, que se via preso no ritmo de Hamilton. Russell pedia à Mercedes para trocar de posição com seu colega.
Na volta 14, Perez passou Russell no S do Senna. O britânico tentou o troco na Curva do Lago, mas o mexicano se defendeu bem e confirmou o 5º lugar. Russell esbravejou no rádio, reclamando de falta de jogo coletivo por ficar preso atrás de Hamilton, que claramente apresentava dificuldades.
Início do segundo stint
As paradas nos boxes foram inauguradas por Ocon, na volta 15. A estratégia foi partir dos macios para os médios. Zhou fez o mesmo pouco depois.
Na 18, Perez superou Hamilton e chegou ao 4º lugar. No fim da volta, o inglês foi para os boxes e calçou pneus médios em seu Mercedes. Bottas fez o mesmo. Uma volta depois, Russell entrou na mesma estratégia, voltando logo atrás do colega. Mais um giro e foi a vez de Perez trocar os pneus. Hamilton conseguiu recuperar a posição perdida para o mexicano com o undercut. Mas não durou muito: na 23, Perez atacou e ganhou novamente o 4º lugar virtual.
Zhou, com problemas mecânicos em sua Alfa Romeo, recolheu à garagem e abandonou. Eram 16 carros na pista, 14 na mesma volta.
A Mercedes não vivia dia dos mais favoráveis. Na volta 26, Russell foi superado por Stroll, que havia acabado de parar nos boxes.
Alonso parou no giro 27, voltando cerca de 4 segundos à frente de Perez. Sainz parou na mesma volta, e quase abalroou Tsunoda nos boxes. Na pista, Stroll seguia atacando as Mercedes ao superar Hamilton e chegar ao 5º lugar.
Verstappen e Norris, finalmente, fizeram suas paradas na volta 28. Com todos tendo feito uma parada, a ordem de pista era: Verstappen, Norris, Alonso, Perez, Stroll, Hamilton, Russell, Sainz, Ocon e Bottas, todo eles com pneus médios no segundo stint.
Russell colava em Hamilton, que seguia com ritmo inferior aos carros ao redor. Mais atrás, Gasly superava Sargeant e Bottas para entrar na zona de pontuação.
Na 32, Ocon, que havia aberto a primeira rodada de boxes, para pela segunda vez, calçando novo jogo de pneus macios, indicando uma possível estratégia de três paradas.
Mercedes caindo pela tabela
Com Russell preso atrás de Hamilton, Sainz se aproveitou para avançar. Na volta 35, o ferrarista superou sem dificuldades o inglês e passou a mirar Hamilton. Demorou apenas duas voltas que a manobra se concretizasse e o espanhol chegasse ao 6º lugar.
Na volta 39, Bottas segue o mesmo destino de Zhou e recolhe. Fim de prova para a Alfa Romeo. Restavam 13 carros na mesma volta e mais os dois que partiram com uma volta de defasagem.
No giro de número 42, Gasly superava Russell para ser 9º. Quatro voltas depois, na iminência de ser ultrapassado por Tsunoda, Russell vai aos boxes e calça macios.
Perez entra na volta 46 para tentar um undercut sobre Alonso. Hamilton entra na mesma volta. Ambos lançam mão de pneus macios. Alonso para na 48 e volta à pista com vantagem sobre Perez equivalente à que tinha antes. Na pista, Hamilton superava Ocon no S do Senna.
Gasly coloca pneus macios e volta imediatamente atrás de Hamilton. Ao fim do giro 50, o francês ganha a posição do britânico, que reclamava da baixa velocidade de reta de seu Mercedes.
Ocon confirmava sua estratégia de três paradas ao colocar novo jogo de macios na volta 52. Na pista, Perez iniciava caçada contra Alonso.
Na volta 57, Verstappen fez sua segunda parada, voltando momentaneamente atrás de Norris. O inglês da McLaren pararia duas voltas depois.
Na 58, Russell recolhia seu Mercedes à garagem, em mais um abandono por questões mecânicas.
Mágico Alonso e vitória de Verstappen
Alonso segurava Perez com bastante competência: o mexicano colava na freada para o S do Senna, mas o espanhol tracionava melhor e impedia o bote na Reta Oposta. A disputa seguiu por várias voltas. Na penúltima, Perez mergulhou com gana no S, passou, e segurou na Reta Oposta. Parecia caso encerrado. Mas nunca se pode duvidar de Fernando Alonso. Na volta final ele deu o troco e segurou Perez até a linha de chegada, em que passou com apenas 0s053 de vantagem.
Max Verstappen venceu mais uma vez no Brasil, sua segunda. Norris ficou em 2º, 8 segundos atrás. O degrau final do pódio foi de Alonso e seu toque de mágica na última volta. Perez ficou com um 4º lugar com gosto amargo, após perder o pódio na volta final. Stroll ficou em 5º, seguido por Sainz, Gasly, Hamilton, Tsunoda e Ocon.