Não é hora de mudar as regras da F1 para parar a Red Bull

A resposta para parar a Red Bull não é mudar as regras, mas sim deixá-las estáveis. A própria história da F1 dá o caminho.

2 mai 2023 - 18h27
(atualizado às 18h33)
Baku não trouxe a ação esperada neste fim de semana. Mas é hora de cabeça fria...
Baku não trouxe a ação esperada neste fim de semana. Mas é hora de cabeça fria...
Foto: Pirelli Motorsports / Divulgação

Agora sim vão mandar pedra em mim. Depois de ter escrito um artigo falando que a dominância da Red Bull não seria algo necessariamente ruim, agora digo com todas as letras: não é hora de mudar as regras da F1.

A tentação acaba sendo grande, ainda mais quando vemos uma dominância tão grande de uma equipe. A Red Bull nada de braçada diante da concorrência e não há sinal à vista de que a perda de 10% do tempo de desenvolvimento até outubro vá afetar o desempenho do RB19.

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Dominancias são uma tônica da F1. Porém a preocupação é que não haja disputa pela liderança. As últimas situações dessas ainda deram disputas internas. Até aqui, não se pode dizer que isso acontecerá na Red Bull, embora Perez esteja uma situação em que nunca esteve em 3 anos de equipe. Mas até agora, vemos uma situação cada vez mais semelhante com as de 1988, 1992 e 2002

Só que a F1 acende suas luzes de alerta. Afinal de contas, o público quer imprevisibilidade e a situação de um mesmo carro - e pior, um mesmo piloto! – vencer sempre, acaba por reduzir a audiência televisiva. Agora, a Liberty Media tem que se preocupar com mais uma frente: as redes sociais.

Neste campo, a F1 vem tendo crescimento exponencial e tem tirado proveito disso (falamos disso aqui). Porém, não basta somente engajamento. Tem que também ter uma maré favorável e isso não parece que vem tendo...

Ainda paira uma preocupação: uma dominância poderia espantar o crescente interesse do publico norte-americano em relação à F1. Não é à toa que as competições de lá tentam prezar pela disputa.

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Mas agora é hora de cabeça fria. Como os ingleses gostam de dizer, não é hora de reações de coice de mula.

Para analisar melhor isso, é hora de fazer uma coisa que muita gente tem acesso, mas não gosta de fazer: olhar para trás. Normalmente, quando a F1 faz mudanças radicais de regulamento, sempre há quem tenha um entendimento melhor das regras e saia na frente.

Nesta hora é bom lembrar e cabe um grifo aqui: antes de ser uma competição de pilotos, a F1 é uma disputa para saber quem faz o melhor carro sobre determinadas regras.

Historicamente, a própria F1 dá a resposta para o equilíbrio: estabilidade de regras. Quer um exemplo? 2021. Graças à COVID, o novo regulamento foi postergado em um ano e, para não aumentar gastos, o desenvolvimento foi restrito. Resultado? Tivemos um dos campeonatos mais disputados da história.

Olhando mais para trás ainda: alguns dizem que a F1 era mais competitiva na década de 70. Pois bem: o regulamento teve uma estabilidade entre 1973 e 1980. A maior alteração foi a redução do Santo Antônio em 1976.

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Estamos no segundo ano de um novo regulamento. O aprendizado ainda está em curso. Se não mexer nas regras, as equipes vão se achando e até mesmo copiando soluções que deram certo com outros (afinal, “copiar também é uma forma de desenvolvimento”).

No mar de dados que surgem, trago um levantamento feito pelo Dr. Obbs, um ótimo perfil no Twitter a ser seguido. Ele pegou os últimos GP do Azerbaijão e excluiu o de 2021 por conta da bandeira vermelha. Simplesmente este ano tivemos a menor distância entre os 10 primeiros colocados.

Comparação entre os ultimos GPs em Baku. Surpresa: 2023 teve a menor distância entre os 10 primeiros dos ultimos anos
Foto: Dr. Obbs / Twitter

Ainda podemos ir mais longe: temos visto nos treinos as diferenças cada vez menores, com mais de 10 carros no mesmo segundo. Então podemos dizer que temos os carros muito próximos em termos de desempenho, embora se questione ainda a capacidade de andarem próximos e termos mais ultrapassagens.

Ajustes podem ser feitos? Sim. Mas não se pode cair na tentação imediata de fazer uma intervenção brusca e os resultados podem ser piores do que os imaginados. Diretriz Técnica 39 diz alguma coisa a vocês? Embora se tenha a intenção de mexer no porpoising, ajudou a mexer na correlação de forças ano passado...

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Portanto, agora é hora de ter sangue frio e fazer que os times trabalhem para melhorar seus carros. A questão das quantidades de desenvolvimento ainda está em ajustes e temos visto que, quem tem competência, segue estabelecido. Como disse Toto Wolff neste fim de semana, existem duas opções: melhorar os carros ou mudar as regras.

Neste momento, o caminho é o primeiro. Ainda mais com uma grande mudança sendo prometida para 2026...e se abre passagem para uma nova dominância, como a F1 nos mostra...

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