O mundo da F1 foi sacudido nesta terça (12) pela notícia da saída do alemão Niels Wittich do posto de Diretor de Provas da F1. Após ter assumido o posto em 2022, inicialmente em conjunto com Eduardo Freitas (Diretor de Provas do FIA WEC), Wittich restou sozinho a partir de 2023 e uma semana depois do GP de São Paulo, teve sua saída anunciada.
Inicialmente, a FIA liberou um comunicado dizendo que o alemão estava saindo para “buscar novas oportunidades” e que já seria substituído pelo português Rui Marques em Las Vegas. Posteriormente, contactado pelos alemães da Motorsport-Magazine, Wittich declarou que não havia pedido demissão, mas sim que havia sido demitido e que foi comunicado da decisão ao ir ao Escritório da FIA em Genebra (Suíça).
A saída de Wittich, que não é um novato, de maneira tão atabalhoada que deixa mais perguntas do que certezas no ar...
Wittich chegou à F1 com a bagagem do DTM e com uma sombra do que aconteceu na última etapa do campeonato do campeonato de 2021, onde Kevin Van der Linde tirou Liam Lawson da prova, acabando com as chances de conquista de campeonato do neozelandês. Isso lhe deu a fama de ser considerado mais permissivo.
Com o passar do tempo, Wittich foi conquistando muitas inimizades entre pilotos e equipes. O alemão era considerado uma pessoa difícil e veio para cumprir literalmente as regras da FIA. Aqui entra a famosa questão de joias e outros acessórios usados pelos pilotos. Outro ponto também foi a variação de decisões ao longo das provas...
Temos que levar em conta que o Diretor de Prova leva muita das culpas de forma inadvertida, pois algumas das ações são tomadas pelos Comissários, restando somente ao Diretor cumprir o que foi decidido. Porém, muitas situações são de sua responsabilidade.
O Diretor de Provas não é somente um cumpridor de regras. Mas tem um papel extremamente político de saber lidar com todos os envolvidos em uma corrida: pilotos, equipes, organizadores, patrocinadores...é uma posição extremamente crítica e são poucos que podem assumir este posto. Como bem colocou Eduardo Freitas em entrevista dada a este site, chegar à Direção de Provas é um processo a ser construído.
Não deixa de ser sintomático que a demissão de Wittich vem na sequência da publicação de uma carta aberta da Associação de Pilotos questionando várias ações da FIA (não somente o Presidente) e de um GP de São Paulo onde várias decisões tomadas levantaram questionamento.
É mais uma página da gestão Ben Sulayem na F1, que chegou com a intenção de revisar muita coisa, porém vem tendo muitas idas e vindas até aqui. Para um mandatário que deve buscar a reeleição, o modo como a principal joia da coroa vem sendo tratada levanta muitos questionamentos e muitas mudanças foram feitas na FIA nos ultimos anos. Embora tenha comitido seus erros, o quadro aponta para que Wittich seja mais um bode expiatório...
Agora, a bola está com o português Rui Marques, que tem estado à frente da F2 e F3 desde 2022. Mais um daqueles que militam há tempos no automobilismo e é tido como um cumpridor das regras, que procura ter uma visão ampla do quadro para tomar a melhor decisão. Além de ter uma personalidade mais afável do que seu antecessor. A ver se estará como um interino ou se assumirá o posto definitivamente.