No detalhe: a vitória sublime de Verstappen em Interlagos

Chuva, corrida de recuperação, acidentes, bandeira vermelha, surpresas no pódio. Tudo que rolou no já histórico GP de São Paulo

3 nov 2024 - 15h55
Max Verstappen celebra sua vitória em Interlagos
Max Verstappen celebra sua vitória em Interlagos
Foto: Red Bull / X

Interlagos pode ter problemas de acesso, uma estrutura acanhada (ainda que muito melhor em relação a anos anteriores) e asfalto complicado. Mas a pista brasileira se garante no que importa: entregar corridas incríveis. Em 2024 não foi diferente. O superdomingo, que teve classificação e corrida, mas terminou e já entrou para a história da categoria.

Pilotagens épica, erros crassos, chuva, acidentes, safety cars, bandeiras vermelhas, resultados improváveis, favoritos ficando pelo caminho. Teve de tudo um pouco, do jeito que o público gosta.

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Confira no detalhe tudo o que rolou na corrida desse domingo em Interlagos, com vitória de Max Verstappen e um pódio improvável com a dupla da Alpine.

Polêmica antes mesmo do começo da corrida

A chuva que caiu pela manhã, durante a classificação, virou uma garoa. Mas a pista seguia molhada, com pontos menos encharcados que outros. Os pneus intermediários foram a escolha de todos.

Aston Martin, Williams e Ferrari tiveram de correr contra o tempo para deixar os carros prontos a tempo, após a sequência de acidentes da classificação. Deu certo. Todos no grid, exceto por Sainz, que foi para a corrida, mas partindo do pit lane.

Na volta de apresentação, Stroll emulou Prost em Imola 1991 ao rodar na volta de apresentação e atolar na brita. Fim de prova para ele antes mesmo do início – e todo o trabalho em seu carro jogado no lixo.

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Os carros estavam alinhando no grid quando a largada foi abortada. Isso significa que os carros deveriam permanecer em suas posições até que um novo procedimento de largada fosse iniciado.

Ainda assim, Lando Norris, da primeira posição, saiu para uma nova volta de apresentação, com carros logo atrás o seguindo. Bottas, Verstappen e outros da parte de trás do grid perceberam o equívoco e esperaram. No fim das contas, todos tiveram de completar outra volta para um novo alinhamento e, aí sim, o retorno dos mecânicos ao grid para preparação para uma nova largada. Norris passou a ser investigado pela infração. Pouco depois, foi aberta uma investigação à parte direcionada a Russell, Tsunoda e Lawson.

Norris largada mal, Verstappen começa voando

Russell partiu melhor que o conterrâneo Norris e lhe tomou a primeira posição ainda na primeira freada. Tsunoda e Ocon vieram em seguida, com Leclerc à frente de Lawson, que disputava roda a roda com Piastri e Alonso. Perez rodou no Bico de Pato, caindo para a última posição. No S do Senna,

Na segunda volta, pilotos começavam a reportar que a chuva apertava. A previsão de chuva forte em algum momento da corrida começava a se concretizar.

Enquanto isso, Verstappen ia abrindo caminho. Depois de ganhar quatro posição já na largada, ele ultrapassou Hamilton, Gasly e Alonso ainda nas primeiras voltas, chegando ao 8º lugar.

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Em disputa de novatos, Ollie Bearman bateu na traseira de Franco Colapinto. Ainda que o incidente não tenha prejudicado o argentino diretamente, o inglês acabou punido em 10 segundos.

Verstappen não tomou conhecimento de Piastri e o despachou no S do Senna. Uma volta e meia depois, no miolo, o holandês não tomou conhecimento de Lawson e assumiu o 6º lugar.

Norris seguia Russell, mas tinha dificuldade de uma aproximação final para tentar o ataque. O piloto reclamava de falta de velocidade de reta em sua McLaren.

Na volta 18, a ordem dos 10 primeiros era: Russell, Norris, Tsunoda, Ocon, Leclerc, Verstappen, Lawson, Piastri, Gasly e Alonso.

Chuva apertando e Hamilton sofrendo com o carro

Os pilotos relatavam pelo rádio que pista ficava mais e mais escorregadia.  E ninguém sofria mais que Lewis Hamilton. Desde o começo do fim de semana, o ídolo "quase-brasileiro" não se encontrou com o complicado Mercedes W15. Ele escapou na Junção e acabou superado pelo argentino Colapinto na entrada do S do Senna, caindo para 13º. Poucas voltas depois, espalhou na mesma curva e perdeu mais duas posições, para Sainz e Bearman. Ele já era 15º, à frente apenas de Perez e da dupla da Sauber.

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Não tardou mais que três voltas para Sainz escorregar na Curva do Lago, "devolvendo" a posição para Hamilton.

Distâncias encurtadas entre os ponteiros

Leclerc escorregou no mesmo ponto que Hamilton havia o feito e passou a ser pressionado por Verstappen. O ferrarista se defendeu com afinco e manteve a 5ª posição. Com a chuva mais forte, os dois encurtaram a distância para Tsunoda e Ocon, formando um trenzinho valendo o 3º lugar.

Leclerc entrou nos boxes para colocar pneus intermediários novo, sendo o primeiro a tomar a atitude – que não deixava de ser estranha, tendo em vista que a pista piorava e poderia, em breve, ficar em condições de uso dos pneus de chuva extrema – ou mesmo uma bandeira vermelha.

Enquanto isso, Norris colava em Russell, ainda sem poder ultrapassar. No rádio, ele considerava a possiblidade de um shortcut. Mais atrás, Piastri toca em Lawson, que roda. O australiano do McLaren receberia uma punição de 10 segundos pelo toque.

Temporal, VSC e safety car e bandeira vermelha a sorte sorrindo para Verstappen

Na volta 28, Hulkenberg rodou no S do Senna e ficou travado. Safety car virtual acionado, deflagrando uma corrida para os boxes. Com a chuva virando um temporal, o dilema das equipes era: colocar novos intermediários ou pneus de chuva intensa? Tsunoda, Lawson, Perez e Zhou optaram pelos azuis, de chuva forte, enquanto os demais, como Alonso e Hamilton foram de intermediários novos.

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Hulkenberg recebeu ajuda dos fiscais para recolocar seu carro na pista sem maiores danos, e a bandeira verde foi acionada.

Russell e Norris foram juntos aos boxes, já sob chuva forte, e colocaram pneus intermediários novos. Ocon, Verstappen e Gasly, que optaram por não parar, e passaram a compor os três primeiros lugares de forma provisória.

Na chuva cada vez mais forte, os pilotos começavam a dosar o pé. Norris se aproveitou de um momento em que Russell controlou demais o ritmo.

Sem visibilidade e com pontos de aquaplanagem, a direção de prova optou por acionar um safety car e garantir que todos se mantivessem intactos. A previsão do tempo dava conta que de em apenas dois ou três minutos, a pista voltaria a melhorar.

Mas, mesmo atrás do carro de segurança, Colapinto aquaplanou na Curva do Café e estampou o muro com força. Bandeira vermelha acionada na volta 33.

A ordem de pista era: Ocon, Verstappen, Gasly, Norris, Russell, Tsunoda, Leclerc, Piastri, Alonso e Lawson. Com todos os pilotos tendo o direito a trocar pneus durante a bandeira vermelha, essa passava a ser nova ordem real da prova. Isso significava que Verstappen havia revertido sua situação em relação a Norris.

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Durante a pausa, Hulkenberg recebeu bandeira preta e foi desclassificado da prova. O motivo foi o fato de ter seu carro empurrado para voltar a pista, o que não é permitido pelo regulamento.

Colapinto, Bearman e Hulkemberg. De alguma forma, os tres impactaram o GP de São Paulo
Foto: Williams Racing

Reinício, rodadas de Bearman, batida de Sainz e novo safety car

A relargada foi lançada, com bandeira verde na volta 34. Na reaceleração, Bearman rodou sozinho no Mergulho. Mesmo assim, a corrida reiniciou. Ocon saiu bem e manteve a ponta. Mais atrás, Norris escapou no Lago e perdeu novamente a posição para Russell, caindo para 5º. Hamilton superou Alonso no meio da invisibilidade da Reta dos Boxes e pulou para 9º.

Bearman tentou ataque sobre Sainz no Laranjinha, mas abriu demais e rodou. Para sorte dele e da corrida, ele conseguiu voltar para a pista em segurança. Duas voltas depois, ele erraria novamente na Junção. A verdade cristalina era: a condição complicadíssima da pista não estava nada amigável para ninguém, mas era especialmente cruel com os novatos.

Na volta 39, foi a vez de Sainz perder o controle do carro. Ao tangenciar do Laranjinha para o Pinheirinho, o espanhol freou em cima da linha branca, rodou e bateu. Safety car acionado.

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Relargada dos sonhos para Verstappen

Bandeira verde na volta 43, com Ocon puxando a fila novamente. No S, Verstappen superou o francês e assumiu a ponta. Para melhorar o dia do holandês, Norris escapou e caiu para 7º.

No meio do pelotão, uma briga intensa entre Tsunoda, Hamilton, Alonso, Lawson, Perez e Bearman teve os pilotos da Racing Bulls se sobressaindo. Pior para o veterano espanhol, que escapou na Junção e caiu para último.

A McLaren não hesitou em ordenar Piastri a trocar de posição com Norris, minimizando o prejuízo do britânico na luta pelo título.

De cara para o vento, Verstappen passou a empilhar voltas mais rápidas. Na volta 50, ele já tinha mais de 5 segundos de vantagem sobre Ocon. A Alpine ainda tinha Gasly no pódio. O top 10 seguia com Russell, Leclerc, Norris, Piastri, Tsunoda, Lawson e Perez.

Piastri espalhou na Junção e se viu atacado por Tsunoda na subida para a reta de chegada, mas conseguiu se defender no S do Senna.

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Em disputa carregada de simbolismo pelo peso dentro do grupo Red Bull, Perez armou o bote para cima de Lawson, que se defendeu bem e manteve a posição após leve toque. O mexicano ainda errou na cura seguinte e perdeu o 10º lugar para Hamilton.

A briga entre os três continuou pelas voltas seguintes, com Hamilton tentando superar Lawson ao mesmo tempo em que se defendia de Perez, e assim seguiu até o fim da prova.

Sem ser incomodado, Verstappen seguia voando, soberano, inconteste, seguro. Com nada menos que 17 voltas mais rápidas nas 26 em que liderou o holandês venceu sem sustos, em uma das grandes pilotagens que a F1 já viu. Ocon e Gasly fecharam o pódio, em resultado tanto improvável quanto importante para a Alpine.

Fecharam o top 10: Russell, Norris, Tsunoda, Piastri (cumprindo 10 segundos), Lawson e Hamilton.

Resultado final do GP de São Paulo
Foto: F1 / X
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