Norris e Verstappen: a briga do momento da F1

GP da Áustria pode ser o momento de transformação de Norris em efetivo piloto de elite e disputar efetivamente a liderança com Verstappen

1 jul 2024 - 10h59
Max Verstappen e Lando Norris no GP da Áustria logo após o toque nestre os dois
Max Verstappen e Lando Norris no GP da Áustria logo após o toque nestre os dois
Foto: F1 / X

Foi o encontro da força imparável com o objeto inamovível. Esta frase foi usada por Craighton Brown, então diretor da McLaren, quando apresentou protesto sobre a desclassificação de Ayrton Senna no GP do Japão de 1989. Naquele momento, o choque entre o brasileiro e Alain Prost decidia o campeonato daquele ano e o dirigente usou uma frase que talvez tenha definido melhor aquele momento.

A sentença pode ser usada em diversas oportunidades na F1. E casa perfeitamente com o que aconteceu no final do GP da Áustria neste domingo com a batida entre Max Verstappen e Lando Norris.

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Este choque já se projetava não de hoje. Porém, você tinha um Lando Norris que, numa análise vista de fora, não parecia estar em condições de se impor diante de Max Verstappen. Poderia se incluir aqui talvez a diferença de carros, ação das equipes e até mesmo de confiança.

Embora possa ser considerado um “jovem veterano” (aos 24 anos está em sua 6ª temporada), Norris vem tendo sua primeira chance efetiva no grupo da frente nestes últimos 12 meses, coincidindo com a grande virada que a McLaren teve em seu desempenho (justamente no GP da Áustria). O britânico sempre foi tido como um potencial campeão (especialmente por seus compatriotas) e agora vem tendo a oportunidade de confirmar as expectativas.

Logo após o GP da Rússia de 2021, quando Norris teve a sua primeira chance de vencer na F1 e acabou literalmente escapando por um erro de avaliação seu. Naquela época, escrevi um artigo justamente falando das lágrimas que havia derramado e como aquilo teria a importância para o seu futuro (o artigo está aqui).

Anos depois, Norris chega no ponto que quis e tem uma montanha chamada Max Verstappen para superar. O neerlandês já esteve na posição de seu concorrente: um jovem em necessidade de afirmação e em criação de uma armadura para poder chegar aonde chegou.

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Aí se chega a um daqueles momentos em que o jovem quer se impor diante dos grandes.

Não é exagero: Max Verstappen, queira ou não, é o principal nome da F1 atual por conta de seus feitos. É o nome a ser perseguido. E tem sim já o seu local entre os grandes da categoria, embora ainda não conste no campo dos excepcionais.   

Não são raros os comentários de que Norris não sustentava uma disputa com Verstappen. Por várias vezes, isso acabou ficando claro e até mesmo levado na brincadeira, já que os dois acabam por ser amigos fora das pistas. Talvez o fato de não ter condições de confrontar Verstappen à altura acabava por chegar a este ponto.

Porém, a McLaren entrou no círculo virtuoso e Norris também entrou nele. Afinal de contas, se o carro melhora, a confiança do piloto aumenta e assim uma coisa puxa a outra. Porém, ainda faltava alguma coisa. A tentativa de se impor na largada no GP da Espanha sob a Red Bull mostrou que um Norris diferente começava a surgir. Ele não conseguiu, mas pelo menos tentou.

A manobra no GP da Áustria mostrou um Lando Norris com sangue nos olhos. Afinal, naquele momento, era a chance de vencer a prova: pelo erro nos boxes e por usar pneus usados, o desempenho de Verstappen despencou e a oportunidade surgiu à sua frente.

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Só que estamos falando de Max Verstappen. Não é de hoje que se sabe que é um verdadeiro osso duro de ser ultrapassado, seguindo sim a mesma filosofia de Ayrton Senna: ele toma a decisão de agir, deixando a decisão do concorrente de bater. Em qualquer ação de posição, seja ganho ou defesa. Porém, em algumas vezes, Verstappen acaba pesando a mão. Uma coisa, é ser duro. Outra é ser desleal. E algumas ações podem ser interpretadas no segundo caso.

Por este motivo que a temperatura entre ele e Lewis Hamilton aumentou tanto. Hamilton decidiu ser duro e tivemos os encontros entre os dois ao longo de 2021. Agora, Norris teve o seu primeiro grande embate.

O que aparentemente acontece é que Norris deu o seu primeiro passo para ser realmente um piloto de frente. Pela primeira vez ele resolveu jogar duro para se impor. Pode até se questionar se a abordagem do britânico foi a mais correta. Porém, mostrou um arrojo que não vimos da parte do piloto até aqui.

Que este seja um momento de transformação. Neste momento do campeonato, a McLaren tem um carro forte e dá condições para que Norris possa disputar vitórias de uma forma efetiva. E poder finalmente confirmar a expectativa que se criou em torno dele desde a base. Havia a atenuante de que a McLaren não tinha como entregar um carro vencedor. Pelo menos neste momento, esta desculpa não pode mais ser usada.

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Quem agradece por isso é a Liberty Media. O domínio de Max Verstappen e Red Bull estava deixando a F1 um pouco de lado nas redes sociais e na audiência televisiva (embora a audiência global da categoria encontra-se praticamente estabilizada desde 2020 em 1,5 bilhões acumulados de espectadores) e a perspectiva de uma efetiva ameaça a este império já faz o interesse voltar a aumentar. Se há briga entre pilotos, aí é um prato cheio para todos os lados, inclusive os fãs.

A ver que Lando Norris vem depois da Áustria e se Max Verstappen seguirá com sua atitude extrema para manter sua posição. Aparentemente, a temporada 2024 da F1 pega no breu.

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