Norris e Verstappen: Mais um capítulo das decisões da FIA na F1

Mais uma vez, a decisão dos Comissários da FIA acaba por fazer mais barulho do que a boa corrida que tivemos em Austin este domingo. Novamente, Max Verstappen acaba por estar no centro das discussões por conta de suas manobras e gera uma tremenda confusão...

Aqui, a FIA se torna centro das atenções por conta de suas decisões. Embora tenham se tomado ações para torná-las mais rápidas e mais transparentes, a cada prova se questiona a qualidade e a imparcialidade. Agora em Austin, não é diferente: Repete-se a divisão nas redes sociais entre os pró-Verstappen e antis...

Cabe lembrar que a decisão de punição cabe aos Comissários de Prova. A F1 conta com um grupo para tomar as decisões. Normalmente, são 2 indicados pela FIA, 1 pelo Órgão esportivo local e 1 esportivo, normalmente um ex-piloto para dar espaço à visão de quem esteve na pista. Além disso, ainda conta com um Centro remoto em Genebra para poder dar suporte ao time que está no local.

Estes Comissários contam com as imagens da transmissão e uma série de câmeras do próprio autódromo, com ângulos diferentes. Sem contar um banco de dados de decisões anteriores para tentar manter algo que muitos cobram: a manutenção da coerência das decisões.

Mesmo todo este esquema não diminui as discussões. É algo semelhante ao que vemos com o futebol e a introdução do VAR: uma ferramenta que deveria ajudar tem causado mais dúvida do que certezas...

No caso deste fim de semana, as decisões acabaram por passar novamente por discussão. A que levantou mais polêmica foi a ultrapassagem de Lando Norris sobre Max Verstappen e que levou o britânico a tomar uma punição de acréscimo de 5 segundos no tempo final por ter considerado que teve vantagem ao ultrapassar o tricampeão.

O questionamento feito por vários foi: porque Verstappen não tomou a mesma punição na primeira curva, quando Norris o levou a ir para fora e Verstappen o passou? E depois Gasly e Russell levaram punições por situações semelhantes na mesma corrida?

O exposto pelos comissários na decisão de punição a Norris foi que o britânico estava em uma posição que não lhe era favorável na tomada da curva, embora reconheça que Verstappen tenha o levado a ir para fora, e posteriormente conseguiu passar, ficando na preferência da curva seguinte. Motivo esse que levou aos Comissários aplicarem uma punição de 5 segundos de acréscimo de tempo e não os 10 segundos convencionais.

Um ponto que a Motorsport trouxe nesta segunda (21) em sua página foi citar o documento distribuído aos pilotos pela FIA, batizado de Manual de Padrões de Pilotagem (Driving Standards Guidelines), onde busca esclarecer alguns dos critérios considerados pelos Comissários para suas decisões. Este é um documento que a FIA não disponibiliza em seu site.

Embora não esclareça, este documento, elaborado pela FIA com participação dos pilotos, considera o lance Norris e Verstappen como “uma manobra mais difícil de ser concluída” e estabelece três critérios para que o piloto que esteja por fora na manobra, para obter o direito de ter espaço para fazer a curva, “incluindo na saída”.

• Ter o eixo dianteiro pelo menos na mesma linha do eixo dianteiro do outro carro que está na tangência da curva e na saída;
• Ser dirigido de forma segura e controlada durante a manobra (entrada, contorno e saída); e
• Ser capaz de fazer a curva dentro dos limites de pista

Segundo os Comissários, Norris não teria conseguido estar de acordo com este primeiro critério, o que levaria a ser merecedor da punição. Pela letra fria da lei, temos um ponto e a punição teria sido correta, inclusive com a aplicação atenuada do acréscimo de tempo.

Mas o que pode se questionar é: o que poderia ter feito Norris naquele momento? Afinal de contas, Max Verstappen usou das condições a seu favor naquele momento para pressionar Norris: ele estava por dentro e, por natureza, o carro sairia para o lado de fora da curva. Mais uma vez, uma manobra dura e no limite da legalidade.

Já vimos esta ação diversas outras vezes e muitos se perguntam qual é o limite? Não é de hoje que Max Verstappen usa de manobras altamente intimidatórias para disputar posição. Como já escrevi anteriormente, ele adota a linha Sennista de tomar uma posição e deixar para o outro lado definir se recua ou se evita o acidente. Com Lewis Hamilton, já vimos isso acontecer algumas vezes...

E neste ponto, vimos que há uma certa condescendência por parte dos outros pilotos na disputa e o choque é evitado...

Aí voltamos ao velho ponto: até onde se deve deixar o “let they race” (deixe eles correrem) ou deveremos ter os pilotos cada vez mais cerceados em termos de ações de pista? Independentemente, a FIA precisa deixar tudo mais às claras para evitar desconfianças...