Sebastian Vettel tem aparecido nas últimas semanas para o grande público envolvido em duas grandes histórias: participação no WEC e uma possível volta à F1. Mas até onde tudo isso procede ou não?
Desde quando deixou as pistas no final da temporada de 2022, Vettel deixou claro que queria se dedicar mais à família e outros projetos. Mas sempre deixou claro que a paixão da velocidade ainda estava lá. E assim o fez: ficou em sua casa e eventualmente aparecia em algumas corridas, sendo a mais marcante a presença em Suzuka ano passado.
Em entrevista dada no início do ano, Vettel se dizia feliz com a sua vida, mas que não descartava um retorno às pitsas. Tanto que deixava claro que estaria em alguns dias fazendo seu exame médico para poder renovar a sua licença de piloto...
Começou-se a sonhar com uma volta de Vettel às competições quando a Porsche divulgou em suas redes que o alemão faria um teste com o modelo 963 da Penske em Aragon (Espanha) dentro da preparação do time para as 24 Horas de Le Mans (falamos nisso aqui).
Tudo foi muito bem divulgado e ambas as partes aparentemente gostaram: A Porsche ficou muito satisfeita com a dinâmica de Vettel no time, dando boas respostas aos engenheiros e mostrando bom ritmo (fez a melhor volta com o carro na pista de testes de Weissach); Já Vettel ficou satisfeito com o carro, até porque não tinha costume com modelos cobertos...
A expectativa formada foi grande e a possibilidade de Vettel disputar as 24 Horas de Le Mans se tornou muito real. Tanto que a Porsche iria divulgar o trio que pilotará o #4 no último dia 28 e suspendeu para poder explorar esta opção ao máximo. Afinal de contas, ter um nome como o tetracampeão daria todo um peso ao projeto, ainda mais em um ano em que a Porsche ganhou as 24 Horas de Daytona.
Por outro lado, quase que coincidentemente, apareceu a conversa de que Vettel poderia voltar à F1. O alemão declarou que ainda acompanhava a categoria, sabia do que estava acontecendo e esteve eventualmente conversando com a própria Liberty Media para desenvolver projetos de sustentabilidade junto a F1 (se cogitou inclusive que o alemão pudesse assumir algum cargo formal na categoria neste campo).
Para botar mais fogo na fogueira, Toto Wolff declarou que conversou com Vettel, Lewis Hamilton falou que seria ótimo que o alemao voltasse à categoria e o próprio piloto declarou que "uma volta dependeria de ter o pacote certo".
Ambas as abordagens são extremamente excitantes. Um multicampeão voltando a pilotar em uma das principais provas do automobilismo mundial e com possibilidade de voltar à F1, em um movimento que poucos acabaram sendo vitoriosos. Porém, até onde isso tudo procede?
Temos que acabar acreditando em muitas coisas que lemos (e algumas vezes querem que acreditemos). No caso de Le Mans, a Porsche não desistiu ainda de Vettel. Os resultados nos testes foram interessantes, mas a marca gostaria de vê-lo andando antes da prova para poder conhecer mais o carro. E ainda pesa o plano de que os alemães querem fazer um projeto de ataque firme para as 24 Horas de Le Mans este ano. Em princípio, o estrategema é usar o 963 do IMSA, incluindo o brasileiro Felipe Nasr.
A escolha por Vettel garantiria um belo reforço de marketing. Sem contar que o esforço do FIA WEC seria muito mais tranquilo do que a F1 (8 etapas) e a categoria tem hoje um apelo ecológico mais forte do que a F1: menos deslocamentos, uso de combustível sustentável e uso de motores híbridos.
Segundo a revista alemã Auto Motor Und Sport, hoje a tendência é que a Porsche oferecesse um papel de embaixador da marca e que fosse feito um projeto para que Vettel participasse efetivamente do campeonato e de Le Mans em 2025. Todo caso, a proposta para este ano ainda segue sendo trabalhada...
Ir para a F1 é algo tentador e seria mais lucrativo, certamente. Entretanto, exigiria um retorno à toda a rotina que viagens e testes que Vettel aparenta não ter mais vontade. Em suas entrevistas, ele diz que ama a categoria, porém sua vida hoje está voltada para a família. E pelo menos até agora Vettel não se mostrou ser um caça-níquel ou ter uma condição financeira ruim.
Alguns dizem que Vettel voltaria para apagar a impressão deixada dos ultimos anos de Aston Martin, onde não conseguiu se encontrar com carros não tão bons. Mas teria ainda Vettel algo a ter que provar? Não são poucos que dizem que foi ajudado pelos carros mágicos de Adrian Newey na Red Bull para vencer seus títulos e que o verdadeiro Vettel se perdeu na batida do GP da Alemanha de 2018, quando tinha a corrida nas mãos.
O fato é que Vettel hoje é senhor do seu destino e não precisa provar mais nada a ninguém. Não sabemos detalhes, mas, por todo o contexto que envolveu a sua saída, parece improvável um retorno à F1, embora se perceba que o amor à velocidade está ali. É algo que ele nao fecha a porta. Como é um homem novo (36 anos), pode sim alinhar seus desejos de ficar com a família com programas esportivos menos exigentes, além de seus projetos de preservação.