O presidente Maurício Assumpção revelou à presidente Dilma Rousseff que se as receitas seguirem bloqueadas, o Botafogo periga sair do Campeonato Brasileiro. A ameaça pode ter sido uma jogada para fazer um apelo emocional à mandatária do País, mas os números jogam contra o clube, como um atacante com sede de gols.
No último balanço apresentado pela diretoria, exercício 2013, a dívida do Botafogo chegou a casa de R$ 699,3 milhões, quase R$ 40 milhões a mais em relação ao ano anterior, e R$ 140 milhões de diferença para 2011, o que dá uma variação de crescimento de 24%.
Os números assustadores, somados a saída do Ato Trabalhista, no qual o clube paga as pendências trabalhistas com ex-funcionários, obedecendo uma fila, fato que aconteceu em dezembro do ano passado, gerou o bloqueio de todas as receitas do time nesta temporada.
A asfixia financeira, como gostam de dizer os dirigentes, acarretou em cinco meses de atrasos do contrato de imagem, três meses do contrato da carteira, a CLT, e não recolhimento do FGTS.
Hoje o Botafogo é o segundo clube no Brasil que mais deve. O Flamengo é o líder com uma dívida de R$ 757,4 milhões. O alto investimento feito para contratar Seedorf, no ano passado, somado a outros gastos do clube, gerou um déficit de R$ 80 milhões no balanço alvinegro de 2013.
Em 2011, o clube tinha uma despesa no departamento de futebol de R$ 59,6 milhões. Ano passado, a conta "fechou" em R$ 167,7 milhões, de acordo com último balanço publicado. A volta ao Ato Trabalhista, aguardada para a próxima quinta, seria o início da retomada do caminho para pagamento das dívidas e recebimento das receitas bloqueadas.
"São R$ 100 milhões que devemos a uns 600 credores, que estão aceitando conversar. Só que o clube precisa reaver as receitas para poder sentar e conversar. Temos recebimento de TV, aberta e fechada, bilheteria e outras receitas. Liberando, o Botafogo consegue quitar os salários em um ou dois meses", revelou o advogado Marcus Donnici, com exclusividade ao Terra.
O clube estuda algumas medidas para efetuar este pagamento em atraso. O clássico com o Fluminense, pela 15ª rodada, vai acontecer em Brasília como forma de gerar receita sem passar pelas contas do Botafogo, que estão penhoradas. "Existem formas de receber este dinheiro e o contratante pode pagar direto nas contas dos jogadores. Isso dá para fazer", admitiu Donnici.