Entre trancos e barrancos, a Seleção Brasileira chegou às quartas de final da Copa América. Todos viram que o time de Dunga ainda não fez um grande jogo na competição, mas teve bons momentos nas três partidas. Sem querer ser pessimista ou otimista demais, é possível encontrar o que deu certo ou errado no Brasil até agora. Vamos lá:
DEU CERTO:
Daniel Alves
Chegou por último, em cima da hora, após a lesão de Danilo. Mas rapidamente ganhou a vaga de titular, principalmente por ser mais experiente do que seu concorrente Fabinho. Ainda paira sobre ele a desconfiança pelas más atuações na Copa do Mundo (não apenas no 7 a 1 contra Alemanha), mas ele tem mostrado que pode ser útil para o grupo do Brasil. Foi um dos melhores jogadores do time contra a Venezuela, atuando até como meia no segundo tempo.
Robinho
A dúvida sobre quem seria o substituto de Neymar só foi respondida quando a bola rolou no jogo contra a Venezuela. Robinho e Philippe Coutinho entraram no time, e o primeiro teve uma uma atuação especial, mostrando que vai chamar a responsabilidade nesse momento - inclusive cobrou escanteio para o gol de Thiago Silva. É claro que ele não tem o talento de Neymar, mas já foi artilheiro da Copa América, estava em ótima fase no Santos e tem moral com Dunga, então realmente foi uma boa aposta.
Treinos
A preparação para Copa América começou em Teresópolis e passou por São Paulo e Porto Alegre. Apesar do trabalho ter sofrido com desfalques, foi um bom período para testes. Depois, quando chegou ao Chile, Dunga teve pouquíssimo tempo para treinar, mas aproveitou bastante. Foram treinos de praticamente duas horas, sempre em alta intensidade. Além disso, o CT Azul Azul, da Universidad de Chile, tem ótima estrutura, bom gramado, e a CBF montou uma boa estrutura para atender aos meios de comunicação que acompanham a Seleção. A tranquilidade para treinar foi total, inclusive para fazer treinos fechados, coisa que seria impossível na Granja Comary.
Media training
Diante de tantos assuntos delicados dentro e fora de campo, as entrevistas dos jogadores foram bastante padronizadas para não aumentar as polêmicas. Escândalo na CBF? "Estamos focados apenas no futebol". Punição ao Neymar? "Os dirigentes da CBF que devem cuidar disso". Sempre o mesmo discurso. É claro que isso é chato porque nem sempre mostra a real personalidade dos atletas. Mas para a CBF deu certo porque ela já tem problemas demais para resolver.
Próximo adversário
Adversário do Brasil nas quartas de final, o Paraguai chegou à Copa América com o pior desempenho recente entre todas equipes. Na competição, tem surpreendido e mostrado que não é um time fácil de ser batido (está invicto, com dois empates e uma vitória), mas o próximo rival do Brasil poderia ser bem pior, Argentina ou Uruguai, as duas equipes que possuem mais títulos da Copa América na história. O Brasil tem um elenco superior ao do Paraguai e terá quatro dias tranquilos de preparação para o jogo. Com certeza é tudo que Dunga queria.
DEU ERRADO:
Neymar
Mesmo quando jogou bem, contra o Peru, Neymar mostrou estar muito irritado. Depois, em outro ato de descontrole, aconteceu a confusão no jogo contra a Colômbia, que o tirou do resto da Copa América. Ficou evidente que ele está preocupado com questões extra-campo - investigação e processo na Justiça - e não foi feito nada para ele se acalmar quanto a isso.
Meio-campo
Está fácil marcar o Brasil: basta fechar bem as jogadas pelas laterais e pontas do campo. Quando isso acontece, o time trava, porque Fernandinho e Elias ficam muito presos na marcação, fazem uma saída de bola lenta e burocrática. É preciso que eles participem mais ativamente da partida para que possam surpreender os adversários com opções de jogo a mais.
David Luiz
Participou da falha logo no começo do primeiro jogo, contra o Peru, e não admitiu o erro. Provavelmente isso incomodou Dunga, já que ele perdeu a vaga de titular para Thiago Silva na partida seguinte, contra a Colômbia. Agora David pode até buscar espaço em outra posição, mas no jogo contra a Venezuela ele atuou como volante no segundo tempo e por pouco o Brasil não sofreu o empate. Não que esse sufoco tenha sido só culpa dele, mas com certeza não é um bom sinal.
Chefe de Delegação
Como chefe de delegação, João Dória se mostrou um grande empresário. Foi incapaz de prever que deveria estar um mês no Chile e não desmarcou compromissos no Brasil durante a competição. É até agora o chefe de delegação menos presente dos últimos anos.
Contato com torcida
O Brasil chegou a Temuco e ficou isolado. Na chegada, sequer fez contato visual com os chilenos que fizeram plantão em frente ao hotel diversas vezes. Em Santiago parecem que estão reclusos e mostram poucas demonstrações de carinho com o torcedor chileno, que tem abraçado a Copa América.