É cada vez mais maçante, nos últimos anos, acompanhar um jogo da Seleção brasileira. Para quem desfrutou da arte do time tricampeão, em 1970, ou apenas passou a curtir os jogos da equipe na Copa de 1982 ou ainda só se deu conta desse encantamento com a Seleção de 2002, ter que ver um grupo robotizado, como o dos tempos atuais, em que dar um drible é algo raro e até condenável, melhor é ficar nos vídeos do passado.
A exceção é Neymar. Fominha muitas vezes, pode até pecar pelo excesso de individualismo. Mas nascem dele as grandes jogadas, os passes que pegam a zaga adversária de surpresa, os dribles que deixam os marcadores sem rumo.
Foi assim de novo na vitória suada do Brasil por 1 a 0 sobre o Chile, na noite dessa sexta-feira (2), no Engenhão, pela Copa América. O gol de Lucas Paquetá no início do segundo tempo só foi possível graças a um toque refinado na bola, dado por Neymar, que surpreendeu toda a defesa chilena. Mais uma vez ele fez a diferença.
Desde que Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Kaká saíram de cena, Neymar ocupou o espaço que antes sempre era dividido por muitos craques. Antes dessa safra, o Brasil se notabilizou pelo talento de Zico, Sócrates e Falcão nos anos 80, só para citar alguns. Covardia é voltar ainda mais no tempo e juntar numa só seleção nomes como os de Pelé, Garrincha, Tostão, Clodoaldo, Gerson, Jairzinho, etc – semideuses do futebol.
Mas a realidade está aí. Somente Neymar, hoje, representa a essência disso tudo. Os outros são coadjuvantes.