Após cerca de 10 dias de tratamento de uma entorse no tornozelo direito, Neymar volta aos campos da Copa do Mundo do Catar nesta segunda-feira, 5, contra a Coreia do Sul. O craque brasileiro se lesionou na estreia na vitória contra a Sérvia. Na ocasião, o craque levou sofreu uma contusão ligamentar e do pequeno edema ósseo.
De acordo com o especialista em fisioterapia esportiva Guilherme Soares, em entrevista ao Terra, uma entorse de tornozelo de no mínimo grau dois, costuma ter um tratamento que dura de 4 a 6 semanas. Assim, ele avalia que Neymar pode conseguir se sustentar ao longo da partida, não estando 100%. O risco, porém, é o craque sofrer outra lesão.
Se Neymar, jogador visado em campo, sofrer uma re-lesão, ou seja, uma lesão idêntica à última, seu processo de tratamento pode “voltar ao início”, explica o fisioterapeuta. Desse modo, levando outros 10 dias de tratamento intensivo, pode ser que o camisa 10 volte ao campo apenas para a final, caso a Seleção Brasileira siga na competição.
O pior cenário se dá caso Neymar sofra uma lesão mais grave na mesma região. Se acontecer dele ter uma entorse de nível três no mesmo tornozelo, quando há rompimento total das fibras do ligamento, o especialista explica que podem ser acrescentadas cerca de duas novas semanas de tratamento. Além disso, há o risco de haver uma fratura associada ao quadro, que já está sensível. Assim, o craque pode ficar de fora da Copa do Mundo de vez.
Em 2019, Neymar perdeu a Copa América, disputada no Brasil, por um rompimento ligamentar no mesmo tornozelo. Desse modo, o especialista alerta o risco de atletas desenvolverem uma instabilidade crônica no tornozelo após entorses recorrentes e não totalmente tratadas.
Recuperação
Com os avanços tecnológicos aliados à medicina e à fisioterapia esportiva, tratamentos como o de Neymar conseguem ser otimizados. No caso do craque, além de técnicas tradicionais, ele tem contado com o auxílio de uma cabine congelante, chamada criosauna, e de uma moderna bota ortopédica que mistura tecnologia de crioterapia e compressoterapia.
A cabine, disponibilizada pela CryoBrazil em uma parceria inédita com a CBF em uma Copa do Mundo, é avaliada em torno de US$ 75 mil (aproximadamente R$ 394 mil). Neymar até compartilhou imagens em suas redes sociais dentro da sessão da máquina, que chega a até - 190 ºC, resfriada por nitrogênio.
Em contato com o Terra, a empresa explicou que, ao ficar até três minutos na cabine, o cérebro impulsiona a produção de hormônios como serotonina, endorfina, dopamina e estamina como um sistema de defesa. Já ao sair da máquina, o corpo busca se aquecer imediatamente, fazendo com que o sangue chega aos membros inferiores cheios dos hormônios produzidos durante o resfriamento. Essas substâncias ajudam a acelerar o processo de reparação do tecido e promovem uma intensa queima calórica de até 800 calorias.
Já a bota que Neymar usou nos primeiros dias após a lesão custa em torno de R$ 40 mil, servindo como uma espécie de sistema de drenagem, que diminui o inchaço. Por também ter tecnologia de crioterapia, ela promove um resfriamento do local.
“Nos casos de entorse aguda de tornozelo, o mais importante nos primeiros dias é diminuir o máximo possível do edema e da dor”, explica o fisioterapia esportiva Guilherme Soares. Assim, como foi possível observar no tratamento de Neymar, o protocolo primordial é “proteção, repouso, gelo, compressão e elevação”.
Entorse de tornozelo
Neymar foi diagnosticado com uma entorse no tornozelo direito e, além da torção, um pequeno edema ósseo. Ao Terra, o especialista explica que a entorse do tipo que o Neymar sofreu acomete os ligamentos da região lateral do tornozelo, que são frágeis e “os mais comuns de serem lesionados no mundo do futebol”.
Mas também há um tipo de entorse que acontece na região medial, como aconteceu com Danilo. Segundo o fisioterapeuta, essa região é mais rígida, com ligamentos mais fortes. Assim, são mais difíceis de serem lesionados e contam com um tratamento mais complicado.
Além disso, as entorses contam com três graus de severidade. No grau 1, o mais simples, há o rompimento de poucas fibras do ligamento. No grau 2 há rompimento parcial (50%), com inchaços e dores mais presentes. Já no grau 3 há um rompimento total.
Em consequência do trauma, o fisioterapeuta avalia que ocorreu o caso de edema ósseo - que é normalmente associado a traumas de alto impacto. O edema não é tão comum e, lesionando a parte mais interna do tecido ósseo, gera sangramento e bastante dor. “Então quando o jogador pisa no chão, ele tem um desconforto muito grande”, explica. O quadro costuma sumir em alguns dias, perdurando por no máximo um mês, avalia.