Em campo, Neymar fez o habitual para um craque do seu potencial e comandou o Brasil na goleada por 4 a 0 sobre o Peru na noite desta quinta-feira. Fora dele, fez algo incomum em suas entrevistas: se emocionou e chorou no Engenhão após a partida ao relatar as dificuldades que disse ter passado nos últimos anos e o orgulho que sente ao defender a seleção brasileira.
"É óbvio que para mim é uma honra muito grande fazer parte da história da seleção brasileira. Para ser bem sincero, meu sonho sempre era jogar pela seleção, vestir essa camisa. Nunca imaginei chegar a esses números. Para mim é até emocionante, porque passei por muita coisa nesses dois anos que são bem difíceis, complicadas, e esses números não são nada", relatou o emocionado Neymar.
Os números a que se refere são os gols marcados pela seleção brasileira. Com o desta quinta-feira, o camisa 10 chegou a 68 e ficou a nove de igualar Pelé como o maior artilheiro do Brasil, nas contas da Fifa. Nos cálculos da CBF, que leva em conta jogos contra clubes e combinados, o atacante ainda precisa balançar as redes mais 27 vezes para igualar Pelé. No Instagram, o rei do futebol parabenizou o craque da Seleção.
Para o astro do Paris Saint-Germain, os números são importantes, mas ficam em segundo plano diante da alegria que diz sentir em representar o Brasil e do fato de ter superado adversidades, como a ausência na Copa América de 2019 por lesão e uma denúncia de assédio sexual que enfrentou naquele mesmo ano. O processo acabou arquivado pela Justiça.
"A felicidade que eu tenho de jogar pelo Brasil, de representar meu país, minha família. Estamos vivendo um momento muito atípico no mundo inteiro, não só aqui, e ser o espelho para alguém é uma alegria enorme. Espero que todo mundo que gosta de futebol goste de mim", disse o atacante, protagonista da vitória sobre o Peru, com um gol e participações nas jogadas dos outros três, anotados por Alex Sandro, Everton Ribeiro e Richarlison.
Neymar também falou sobre a realização da Copa América no Brasil. Os jogadores da equipe de Tite chegaram a cogitar um boicote ao torneio, mas no fim decidiram disputá-lo. Um dos líderes do elenco no desentendimento com Rogério Caboclo, que acabou sendo afastado da presidência da CBF, ele fez um discurso parecido ao do manifesto divulgado por todo o grupo há uma semana e reforçou que não poderia dizer não à seleção brasileira.
"Chegamos aqui sem saber de muita coisa que estava acontecendo. Não sabíamos se ia ter Copa América, se não ia ter. Desde o começo respeitamos muito nossas hierarquias. Nunca vamos dizer não à camisa da seleção, há pouco me emocionei por dizer o que representa a seleção. Jamais vou dizer não ao meu país. Discordar ou ter opinião diferente dos que tem os demais acho que é o respeito pelo outro. Tínhamos nossa opinião. Expressamos. Mas estamos aqui. Foi bem complicado, difícil, mas a alegria de estar em campo pela seleção sempre vai existir. Tanto a mim quanto ao nosso grupo. Estamos contentes", garantiu o camisa 10.
Com 100% de aproveitamento na Copa América e líder isolado do Grupo B com seis pontos, o Brasil folga na próxima rodada e volta a campo apenas na quarta-feira, dia 23, às 21h, para enfrentar a Colômbia, novamente no Engenhão.