Pausa para Data Fifa pode trazer benefícios e oferecer riscos aos atletas

Com o fim da 25ª rodada do Brasileirão, o futebol nacional entrou no período da Data Fifa, caracterizado pela pausa que ocorre por conta do calendário das seleções, que convocam os atletas de seus respectivos países para atuarem nos jogos. Assim, para evitar prejuízo às instituições, as competições de clubes são suspensas. Esse intervalo pode […]

3 set 2024 - 15h20
(atualizado às 15h20)
Seleção Brasileira em preparação
Seleção Brasileira em preparação
Foto: Esporte News Mundo

Com o fim da 25ª rodada do Brasileirão, o futebol nacional entrou no período da Data Fifa, caracterizado pela pausa que ocorre por conta do calendário das seleções, que convocam os atletas de seus respectivos países para atuarem nos jogos. Assim, para evitar prejuízo às instituições, as competições de clubes são suspensas. Esse intervalo pode durar entre 10 (caso o time esteja disputando a Copa do Brasil) e 14 dias (para as equipes que retornarão somente na 26ª rodada do Campeonato Brasileiro).

Apesar da sequência sem partidas, os clubes continuam suas rotinas de treinamentos. Essa mudança de foco pode ser benéfica para o aspecto físico dos atletas. De acordo com o fisioterapeuta esportivo associado à SONAFE Brasil - Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física, Rodrigo Nascimento, o calendário do futebol brasileiro acaba comprometendo a regeneração completa dos jogadores, portanto, o intervalo é um momento importante para a recuperação do elenco.

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— Tendo em vista o tempo insuficiente de recuperação, considerando o desgaste das partidas, viagens e distâncias percorridas entre um local de um jogo e outro, esse período pode ser significativamente positivo no que diz respeito ao tempo para regeneração, pois há uma grande oportunidade para recuperar totalmente os atletas em suas valências fisiológicas e psicológicas — explica o profissional.

A pausa, no entanto, não oferece apenas benefícios. Rodrigo acredita que a ausência de jogos oficiais também pode ser prejudicial em algum momento, pelo fato de que os treinamentos não conseguem alcançar a demanda física requerida em uma partida.

— Durante os treinos, há uma condição relativamente controlável, situação que não ocorre nos jogos. Dessa forma, por mais que os atletas continuem a rotina, o período de retorno às competições pode significar uma readaptação ao volume de carga imposta ao organismo de cada atleta, o que deve ser observado de perto para minimizar o risco de lesões — alerta o fisioterapeuta.

Há ainda o impacto nos atletas convocados que, após participarem do compromisso com suas seleções, voltarão em uma sequência com diversos jogos, sem o mesmo tempo de regeneração que os demais tiveram. Para o profissional, essa condição deve ser observada atentamente pelos clubes, pois pode oferecer um risco à integridade física dos jogadores.

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— Os riscos são pertinentes desde que não haja um controle adequado e uma manipulação das cargas de trabalho durante esse período sem pausa. Necessariamente, os atletas que estão defendendo seus países precisam de um olhar diferenciado no retorno às atividades. A comunicação entre os clubes e seleções é primordial para que, independente de qual instituição seja responsável pelo atleta, haja uma organização assertiva e um entendimento individualizado sobre suas capacidades fisiológicas, criando um ambiente de trabalho seguro — ressalta Rodrigo.

Para Flávia Magalhães, médica com 20 anos de experiência no esporte e que já trabalhou com clubes, CBF e Conmebol, existem benefícios e desvantagens na Data Fifa.

— O lado positivo é que esse intervalo sem jogos permitirá que os jogadores se recuperem do desgaste físico acumulado ao longo da temporada e façam trabalhos preventivos, corrigindo alterações identificadas ao longo das avaliações e que possam gerar lesões. Além disso, a comissão técnica ganha um prazo maior para aprimorar aspectos táticos e estratégicos, a fim de potencializar o desempenho da equipe. Também é possível fazer atividades específicas que, em meio à maratona de jogos, seriam inviáveis — explica a profissional.

— A principal perda nesse cenário é relacionada ao ritmo de jogo. Pode ter queda de motivação para alguns jogadores e pode levar um tempo para a retomada do ritmo intenso de uma partida. Há também um acúmulo de cansaço, especialmente para atletas que viajam longas distâncias e vivenciam fusos horários distintos. Outra questão é que a sobrecarga aumenta o risco de lesões, e a pressão e a intensidade das Eliminatórias pode impactar também a saúde mental e física dos jogadores, que já estão constantemente sob estresse e sob a exigência de uma alta performance — complementa a médica.

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