O Comitê Olímpico Internacional (COI) suspendeu provisoriamente nesta sexta-feira o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e seu presidente, Carlos Arthur Nuzman, um dia após a prisão do dirigente em operação sobre suspeita de compra de votos na eleição que escolheu o Rio de Janeiro como sede olímpica.
Os pagamentos feitos ao Comitê Olímpico do Brasil serão congelados, afirmou o COI, acrescentando a punição não irá afetar atletas brasileiros, que poderão competir normalmente nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, na Coreia do Sul, e continuarão a receber bolsas pagas pelas entidade internacional.
Individualmente, Nuzman foi provisoriamente suspenso de todos os direitos e funções como membro honorário do Comitê Olímpico Internacional.
As suspensões provisórias podem ser removidas parcial ou completamente quando o Conselho Executivo do COI considerar que as questões de governança do COB foram resolvidas, informou a instituição internacional em comunicado.
Em comunicado, o COB informou que convocou para a próxima quarta-feira assembleia geral extraordinária para discutir a suspensão determinada pelo COI.
A decisão do COI foi celebrada pelo membro da entidade Richard Peterkin, que repetidamente criticou a liderança do COI nos últimos meses pelo tratamento de vários casos de corrupção envolvendo seus integrantes.
"Tinha que ser feito", disse Peterkin, um integrante do COI de Santa Lúcia, no Facebook. "O dano de reputação para o Movimento Olímpico é enorme, e haverá mais revelações por vir. Precisamos drenar o pântano".
Nuzman e o ex-diretor do COB e do Comitê Rio 2016 Leonardo Gryner foram presos na quinta-feira pelo suposto envolvimento na intermediação de pagamentos de propina a membros do COI em troca de votos na candidatura brasileira para sediar a Olimpíada de 2016.
Os dirigentes são suspeitos de terem viabilizado repasse de propina superior a 2 milhões de dólares do grupo criminoso do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral para a compra de votos de dirigentes africanos na eleição de 2009 do COI realizada em Copenhague.
Como parte da chamada operação Unfair Play, autoridades descobriram ainda que Nuzman mantinha recursos ocultos no exterior, declarados à Receita Federal somente após o início das investigações, incluindo 16 barras de ouro de 1 quilo cada guardadas na Suíça.
O presidente do COB nega ter cometido qualquer irregularidade.
OUTROS CASOS
Em agosto de 2016, o presidente do COI, Thomas Bach, concedeu a Nuzman a maior honra da organização, a Ordem Olímpica em ouro, elogiando seu trabalho para os Jogos do Rio.
Nuzman é o mais recente caso de dirigente envolvido em investigações de corrupção e um novo revés para a reputação das Olimpíadas.
Frankie Fredericks, outro membro do COI, desistiu temporariamente de seus cargos, aguardando resultados de investigações. Ele nega qualquer irregularidade.
O integrante sênior do COI Patrick Hickey, que também negou veementemente qualquer irregularidade, impôs a si mesmo uma suspensão desde que estourou um escândalo sobre venda ilegal de ingressos do Comitê Olímpico Irlandês e, em setembro, renunciou ao comitê executivo do COI.