No calor da eliminação para o Olimpia, surgem alguns alvos fáceis para o torcedor do Flamengo. O primeiro deles é o técnico Jorge Sampaoli, expulso no jogo do Paraguai e superado por um rival cujo treinador, Chiqui Arce, assumiu o cargo há menos de um mês.
Outros potenciais culpados são jogadores que fizeram partida constrangedora no Paraguai. Praticamente ninguém se salvou na derrota por 3 a 1, mas os experientes David Luiz, Filipe Luís, Gerson e Everton Ribeiro tiveram noite para esquecer, assim como Gabigol, que preferiu insinuar que houve “roubo” da arbitragem a reconhecer que o time deixou ser dominado por um adversário tecnicamente inferior.
Entretanto, o Flamengo e o torcedor rubro-negro não podem seguir ignorando que o maior responsável pelos fracassos na temporada se chama Marcos Braz. O clube tem pagado o preço por manter no comando do futebol um vice-presidente amador, mais preocupado com a política do que com os inúmeros problemas internos.
Neste ano, a gestão do presidente Rodolfo Landim amarga o pior desempenho em competições internacionais desde que chegou ao poder. Primeiro, a eliminação na semifinal do Mundial para o Al Hilal, da Arábia Saudita. Agora, queda nas oitavas da Libertadores para o Olimpia, depois de terminar em segundo lugar num grupo dos mais fáceis, em que sofreu para superar Aucas e Ñublense.
Uma campanha que remete o Flamengo aos tempos em que era motivo de chacota para os rivais na Libertadores, quando sua torcida se acostumou a frustrações e eliminações com traços vexatórios. Entre 2015 e 2017, o time caiu por três vezes consecutivas na fase de grupos. Em 2019, Landim assumiu a presidência no lugar de Eduardo Bandeira de Mello e realmente cumpriu sua promessa de campanha ao romper a sina de fracassos continentais.
Mas por bancar um amador no cargo de mandachuva do futebol após tantos erros, o presidente se torna corresponsável pelo retrocesso esportivo do clube. Político profissional, o vereador, candidato derrotado a deputado federal e conselheiro influente do Flamengo, Marcos Braz, se tornou um especialista em rifar trabalhos dos técnicos que contrata.
Para esta temporada, escolheu demitir Dorival Júnior, campeão da Libertadores e Copa do Brasil, para contratar mais um treinador português, Vitor Pereira, que, assim como Paulo Sousa no ano passado, também fracassou no primeiro semestre. Com Sampaoli, Braz buscava um choque de comando no vestiário e uma revolução na postura tática do time. Não conseguiu uma coisa nem outra. Pelo contrário.
O técnico argentino se mostra incapaz de estabilizar o sistema defensivo, e ainda viu um membro de sua comissão agredir Pedro com um soco no rosto – episódio que ainda não foi superado e se refletiu na derrota para o Olimpia, já que o centroavante não foi utilizado nem mesmo quando o Flamengo, no desespero, alçava bolas na área em busca de um gol salvador.
Braz, que antes era visto como bom interlocutor entre diretoria e atletas, agora acumula atritos com jogadores. Puniu Pedro depois do centroavante ter sido vítima de agressão e já tinha discutido asperamente com Gabigol, maior ídolo do clube. Cada vez mais perde autoridade diante de um grupo vencedor, mas, ao mesmo tempo, resistente a treinadores que impõem alto nível de cobrança interna.
Contando com o poderio financeiro da instituição que arrecada 1 bilhão de reais por ano, Marcos Braz sempre contorna seus erros abrindo os cofres para contratações de impacto, seja de jogadores badalados ou de novos técnicos. Dessa vez, após tentar Wendel, Claudinho e De La Cruz, ficou devendo até mesmo o tradicional pacotão de reforços na janela do meio do ano.
O dirigente que começou 2023 jurando o Real Madrid pode terminar a temporada eliminado por Al Hilal e Olimpia e sem nenhum título para camuflar sua incompetência. O Flamengo merece mais que uma figura amadora no comando do futebol. Enquanto Marcos Braz for este nome, reformulações de elenco e comissão técnica jamais serão suficientes para colocar o clube em seu devido patamar de excelência.