Não bastasse ter abrigado dois episódios recentes de agressão física entre profissionais – o soco do preparador físico Pablo Fernández no atacante Pedro e a briga do lateral Varela com o meia Gerson –, o Flamengo agora viu Marcos Braz, vice-presidente de futebol, se engalfinhar com um torcedor nos corredores de um shopping.
O vereador-dirigente, que este ano já tinha se envolvido em discussão pesada com Gabigol no vestiário e rompeu relações com o maior ídolo do clube, havia confirmado presença em uma sessão ordinária na Câmara dos Vereadores do Rio, mas acabou flagrado juntamente com seguranças de gabinete na confusão. Enquanto Braz passeava e brigava no shopping, a delegação rubro-negra viajava para Goiânia, onde enfrenta o Goiás nesta quarta-feira.
Sem cogitar punir o dirigente pelo comportamento inadequado, ao contrário do que fez com Pedro, vítima de agressão no ambiente de trabalho, a gestão do presidente Rodolfo Landim acumula mais um episódio infame protagonizado por membros de sua cúpula.
Em abril, a esposa de Landim, Angela Machado, que é diretora de Responsabilidade Social do Flamengo, foi indiciada por xenofobia depois de publicar postagem ofensiva a nordestinos durante o resultado da última eleição presidencial. No mês seguinte, membros da oposição acusaram o VP jurídico do clube, Rodrigo Dunshee, de ser o responsável por trás de um perfil falso que difamava aliados e opositores de Landim nas redes sociais. A Polícia Civil investiga o caso, e Dunshee preferiu não se pronunciar sobre as acusações.
Com eleições previstas somente para o fim de 2024, o jogo eleitoral já toma conta do ambiente na Gávea. A diretoria resolveu marcar reunião do Conselho às vésperas do primeiro jogo da final da Copa do Brasil para deliberar sobre mudanças no estatuto, como a proibição de que políticos com cargos eletivos concorram nas eleições do clube – o que tiraria da disputa o deputado federal e ex-presidente rubro-negro, Eduardo Bandeira de Mello, uma das principais forças de oposição a Landim – e a possibilidade do atual mandatário concorrer a um terceiro mandato.
Depois que a emenda sobre políticos com cargos eletivos foi vetada na votação dos conselheiros, a reunião acabou suspensa devido a protestos da oposição, que acusou a tentativa de um golpe político por parte da situação. Tudo isso se encaixa no cenário tenso e explosivo vivido pelo time, que saiu derrotado pelo São Paulo no Maracanã e corre o risco de terminar a temporada sem nenhum título, algo inédito ao longo da gestão Landim.
Embora colecione taças e conquistas esportivas, a diretoria rubro-negra segue empilhando vexames institucionais fora do campo, retrato de uma administração que deu seu cartão de visitas ao rejeitar acordo com o Ministério Público após o incêndio que matou 10 crianças no centro de treinamento do Ninho do Urubu e resolveu barganhar o pagamento de indenizações com as famílias das vítimas.