Um primeiro tempo desconfortável e inseguro. Um segundo tempo de controle técnico e emocional. Assim, em duas etapas bem distintas, o Fluminense arrancou a classificação para a final do Mundial de Clubes com a vitória por 2 a 0 contra o Al Ahly, carimbada pela experiência dos imprescindíveis veteranos tricolores.
Fábio, aos 43 anos, foi o principal nome do primeiro tempo. Seguro como sempre, o goleiro parou o insinuante ataque dos egípcios, que finalizou 13 vezes e exigiu defesa de puro reflexo em cabeçada de Kahraba dentro da área.
Pouco produtivo com a bola, o Fluminense encontrou um adversário compacto e organizado na defesa. O Al Ahly tirou o conforto do time de Fernando Diniz e foi melhor na etapa inicial, em que pesem as duas bolas na trave de Arias, uma delas em jogada ensaiada de escanteio.
Diniz preferiu não mexer no intervalo, mas a equipe voltou diferente para o segundo tempo. Ganso se aproximou mais dos homens de frente e, finalmente, encontrou espaço para jogar entre as linhas de marcação dos egípcios. Foi o craque de 34 anos quem encontrou Marcelo com liberdade pelo lado esquerdo após uma linda inversão de jogo. E aí a cancha e a qualidade técnica do tricolor começaram a fazer a diferença.
Do alto de seus 35 anos, o lateral-esquerdo, que carrega na bagagem quatro Mundiais pelo Real Madrid, tirou da cartola uma caneta espetacular pra cima do sul-africano Percy Tau, que foi afoito na marcação e tocou levemente a perna de apoio do brasileiro. Ao tomar a frente e sentir o contato, Marcelo usou toda a sua malandragem para forçar a queda, cavando o questionável pênalti convertido por Arias.
Em vantagem no placar, o Fluminense tentou dosar o ritmo, mas ainda precisou contar novamente com Fábio, especialmente em uma cabeçada de Tau, para resistir às investidas do Al Ahly. Diniz, então, lançou o talismã John Kennedy, que voltou a brilhar ao marcar o segundo gol e decretar a vitória.
Por mais que tenha sido colocado em xeque em alguns momentos da temporada, o elenco tarimbado foi determinante para a resiliência no primeiro tempo e a mudança de postura no segundo, além de detalhes como Felipe Melo, um dos capitães da equipe, aos 40 anos, segurando a bola antes de Arias bater o pênalti para blindar a pressão em cima do cobrador.
Apesar do sofrimento, o Flu sai fortalecido de sua estreia no Mundial e com uma vitória merecida. Se impôs técnica e emocionalmente contra um adversário muito mais experimentado em competições internacionais. Em partidas assim, tensas e pesadas, jogadores como Fábio, Marcelo, Felipe Melo e Ganso são fundamentais. E serão ainda mais na próxima sexta-feira, na maior final do ano e de todos os tempos para o tricolor das Laranjeiras.