Em pleno fim de noite deste sábado, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou com atraso as datas das semifinais da Copa do Brasil. Para surpresa de muitos torcedores, a entidade inverteu uma rodada do Campeonato Brasileiro com os jogos de volta da competição de mata-mata, em flagrante atentado contra a isonomia pregada em seu regulamento.
Por terem jogadores convocados para seleções, tanto Atlético-MG quanto Flamengo solicitaram formalmente a mudança de data de seus jogos para que não pudessem sofrer com desfalques em meio à próxima data-Fifa, de 7 a 15 de outubro.
Com isso, a CBF antecipou as partidas dos semifinalistas da Copa do Brasil pela 30ª rodada do Brasileirão para 16 de outubro e postergou os compromissos de volta no mata-mata para 19 e 20 de outubro, à revelia de Corinthians e Vasco, que recusaram o pedido formal de alteração proposto pelos respectivos adversários.
Sendo assim, a manobra beneficia Atlético e Flamengo, que poderão contar com força máxima nos duelos eliminatórios e administrar os desfalques da data-Fifa no campeonato de pontos corridos, em que ambos têm menos possibilidades de título. Dessa forma, o time rubro-negro deve atuar com time alternativo diante do Fluminense, adversário direto na luta contra o rebaixamento do Corinthians, que precisará enfrentar o Athletico com titulares antes da semifinal.
De acordo com a CBF, a mudança de datas “valoriza a disputa esportiva nessa fase aguda e decisiva da competição”, em referência à Copa do Brasil. Porém, na mesma competição, no jogo de volta das quartas de final, o Vasco teve de enfrentar o Athletico em Curitiba menos de 24 horas após o encerramento da data-Fifa, assim como outros clubes já sofreram com o estrangulamento de intervalo entre compromissos de atletas a serviço de seleções.
Ao ceder à pressão de Atlético-MG e Flamengo e anunciar a manobra arbitrária na calada da noite, sem ponderar a vontade dos clubes mandantes nos jogos de volta, a CBF não só prejudica Corinthians e Vasco, como também rasga seu próprio Regulamento Geral de Competições, que prevê que clubes – sobretudo visitantes – não podem solicitar alterações de jogos por causa de atletas convocados em data-Fifa.
Um atentado contra a isonomia esportiva na tentativa de corrigir a irracionalidade do calendário com o jogo em andamento, às custas da seletividade a favor de dirigentes que gritam mais alto ou de interesses comerciais que só favorecem uma parte jamais desamparada: os cofres da confederação.