Duas derrotas nos três primeiros jogos do Paulistão são aceitáveis para um clube grande que se propõe uma reformulação profunda de elenco. Incluindo nomes experientes como Fábio Santos, Gil e Renato Augusto, 14 jogadores deixaram o Corinthians, e é natural que Mano Menezes tenha dificuldade neste começo de temporada até formar um novo time.
O problema maior são os tropeços em sequência da nova diretoria, encabeçada pelo presidente Augusto Melo e o diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, que têm prejudicado o ambiente corintiano. Apesar das promessas e dos planos ambiciosos, somente quatro reforços estão à disposição de Mano, por enquanto.
Rodrigo Garro, argentino que é a principal aposta para substituir Renato Augusto no meio-campo, segue sem condições de jogo por causa do imbróglio com o Talleres por desacordo sobre o pagamento da primeira parcela de compra. O zagueiro Gustavo Henrique ainda aprimora a forma física, uma das poucas alternativas na defesa após a constrangedora perda de Lucas Veríssimo.
Sem assinar a renovação de contrato com o jogador, o Corinthians o convocou para a apresentação do novo patrocinador e perdeu uma vaga ao inscrevê-lo no Paulista, já que o zagueiro acabou decidindo aceitar uma proposta do Al-Duhail. O presidente culpou o atleta, apelando ao provérbio bíblico “maldito o homem que confia no homem”.
Entretanto, o caso Veríssimo entra na conta das pataquadas da diretoria alvinegra, que também passou vergonha ao integrar o lateral Matheuzinho aos treinamentos e, em seguida, precisar engolir o retorno do jogador ao Rio de Janeiro por falta de acerto no contrato de empréstimo com o Flamengo.
A mesma diretoria que começou seu mandato prometendo a contratação de reforços de peso, como o atacante Gabigol, avança para fechar com o questionado e supervalorizado Pedro Raul, vindo de passagens frustrantes por Vasco e Toluca, do México.
Muito discurso e pouca efetividade. Esse tem sido o resumo do início da nova gestão corintiana, algo que gera irritação e desconfiança até mesmo por parte de jogadores e comissão técnica. O capitão Cássio já cobrou publicamente por mais reforços, enquanto Mano demonstra impaciência com as trapalhadas nos bastidores que atrasam o processo de reformulação do elenco.
Se falasse menos e colocasse em prática uma das principais promessas de campanha, que é adotar critérios técnicos e científicos para contratar jogadores, em vez de insistir na megalomania de reforços bombásticos que só desperta ansiedade na torcida, Augusto Melo teria mais chance de reverter os rumos preocupantes de seu mandato. Ao lado de Rubão, tem pagado o preço por bancar o amadorismo no departamento de futebol, o que custa ainda mais caro a um clube de massa que acumula três temporadas sem títulos.