Contratado como novo comandante do Cruzeiro, Fernando Diniz volta à ativa três meses após a demissão do Fluminense. Uma grande oportunidade na carreira do técnico que preza pelo futebol vistoso e de toque de bola, tal qual a torcida celeste sempre valorizou.
Diniz e Cruzeiro tentam reeditar um projeto bem-sucedido com Vanderlei Luxemburgo, mais de duas décadas atrás, quando o clube mineiro conquistou a lendária Tríplice Coroa em uma das páginas imortais (e com um dos maiores times) de sua história.
Em agosto de 2002, Luxemburgo, mesmo em baixa no mercado depois de uma passagem curta e frustrada pela seleção brasileira, foi a aposta cruzeirense para retomarem, juntos, o protagonismo nacional. O experiente treinador usou os meses restantes daquele ano para montar o time que seria campeão mineiro, brasileiro e da Copa do Brasil na temporada seguinte.
Também questionado pelo baixo aproveitamento na seleção e na reta final de sua trajetória no Fluminense, onde foi campeão da América e da Recopa, Diniz chega a Belo Horizonte em cenário semelhante ao da primeira dança de Luxa na Toca da Raposa, mirando no longo prazo, porém com uma diferença importante: a chance de disputar um título continental já nos primeiros meses de trabalho.
Com a vantagem de 2 a 0 no confronto com o Libertad, o time celeste pode alcançar a semifinal da Copa Sul-Americana menos de dois anos depois de voltar à primeira divisão. Além de brigar pela taça, Diniz tem a missão de planejar a próxima temporada e, nesse sentido, é fundamental devolver a equipe à zona de classificação para a Libertadores no Campeonato Brasileiro.
Sob a batuta de Fernando Seabra, demitido nesta segunda-feira, o Cruzeiro chegou a exibir algumas das virtudes apreciadas pelo novo treinador, como a ofensividade e a imposição pela posse de bola, mas caiu de produção após a chegada de reforços como Walace, Matheus Henrique e Kaio Jorge. De qualquer forma, há uma identidade de jogo a ser aproveitada e potencializada, o que pode facilitar a adaptação do elenco ao dinizismo.
Em um clube disposto a investir como os Perrella no início do século, Diniz tem boas condições para tentar repetir – ou ao menos se aproximar – dos feitos alcançados por Luxemburgo, que, na época, também era visto como um técnico arrojado e disruptivo. Para tanto, será imprescindível o respaldo irrestrito do atual comando, que jamais demonstrou plena confiança no potencial de Seabra.