Se dentro de campo o Cruzeiro venceu o Vasco por 1 a 0 em São Januário, fora das quatro linhas a diferença é bem maior entre os dois modelos de gestão, o que ajuda a explicar a vitória desta tarde em São Januário.
Enquanto Ronaldo Fenômeno comprou o clube mineiro com discurso pés no chão e austeridade financeira, o grupo norte-americano 777 Partners assumiu o Vasco enganando o torcedor e prometendo igualar o orçamento do maior rival, Flamengo, em apenas uma temporada.
Fato é que, já na Série B do ano passado, o novo Cruzeiro se mostrou muito mais confiável que a SAF vascaína, cravando o retorno à primeira divisão com sete rodadas de antecedência, ao passo que o time carioca só conseguiu confirmar o acesso no jogo tenso e derradeiro contra o Ituano.
Para este ano, se esperava evolução do Vasco, que, turbinado pelos aportes da 777, investiu mais de 100 milhões de reais em contratações no início da temporada. Entretanto, após chegar à semifinal do Campeonato Carioca e ter amargado a eliminação precoce na Copa do Brasil para o ABC, a equipe é vice-lanterna da Série A do Campeonato Brasileiro após 14 rodadas.
Gastando quase cinco vezes menos, a SAF de Ronaldo soma 21 pontos e aparece na primeira parte da tabela, demonstrando fôlego para cumprir o principal objetivo traçado pelo chefe, que é a permanência na primeira divisão.
Embora tenha perdido o técnico Paulo Pezzolano, responsável por comandar a equipe na campanha do acesso em 2022, o staff celeste agiu rápido no mercado ao contratar o português Pepa, que manteve e aprimorou a filosofia de jogo de seu antecessor.
Por sua vez, o Vasco está há mais de duas semanas sem treinador depois de demitir Maurício Barbieri. A diretoria, que já havia perdido o timing ao demorar a mexer no comando, agora repetiu o erro do ano passado, quando fez o time sofrer na Série B sob a batuta de um interino.
O tampão da vez é o técnico do sub-20, William Batista, que conseguiu quebrar a sequência de 10 jogos sem vencer diante do Cuiabá, mas já acumula mais duas derrotas consecutivas. Contra o Cruzeiro, ficou evidente a diferença entre um time bem treinado e outro abandonado à própria sorte — ou azar, pra ser mais preciso.
Somente após o revés deste sábado, os dirigentes Paulo Bracks e Luiz Mello vieram a público garantir que um novo treinador será contratado até a próxima semana.
Neste Brasileirão, o Vasco ainda não marcou um gol sequer jogando em São Januário, que não teve presença de torcida devido à punição por distúrbios no estádio. Cenário caótico dentro e fora de campo, que reforça que nem todo modelo de Sociedade Anônima do Futebol ou clube-empresa pode significar a salvação dos times endividados no Brasil.
Para o Cruzeiro, a SAF de Ronaldo, pautada por eficiência e transparência, tem sido a esperança de dias melhores no futuro. Já para o Vasco, a gestão da 777, que prometeu mundos e fundos, por enquanto desperta mais desconfiança que alento. E a certeza de que o presente, ao menos até o fim da temporada, continuará sendo um martírio.