Afastado do jogo contra o Cruzeiro, que terminou em vitória do Flamengo por 2 a 1, no Maracanã, Gabigol pode estar prestes a encerrar sua gloriosa passagem pelo time rubro-negro. A partir desta segunda-feira, ele já pode assinar um pré-contrato com outro clube, a seis meses do fim do vínculo atual.
De acordo com a diretoria do Flamengo, o atacante deve permanecer afastado das partidas da equipe para evitar que complete sete jogos no Campeonato Brasileiro – já tem cinco, até aqui –, o que inviabilizaria uma transferência para algum concorrente da Série A. Porta que foi aberta após o jogador recusar a mais recente oferta de renovação.
No ano passado, o departamento de futebol, encabeçado por Marcos Braz, chegou a encaminhar um acordo para renovar o contrato de Gabigol por mais cinco anos. Porém, o presidente Rodolfo Landim vetou a negociação, que acabou engavetada e, em seguida, atravancada por uma sucessão de episódios que fez o atacante perder prestígio dentro da Gávea.
Primeiro, a queda de rendimento, marcada pela temporada sem títulos em 2023. Em segundo lugar, o processo por suposta tentativa de fraude no exame antidoping, que resultou em punição de dois anos ao jogador, ainda pendente de julgamento definitivo no CAS. Por fim, a polêmica foto com a camisa do Corinthians, que o levou a perder a lendária 10 do Flamengo.
Contudo, por mais que a sequência de fatos tenha abalado sua idolatria até então inquestionável diante da torcida rubro-negra, Gabigol, aos 27 anos e maior goleador em atividade no futebol brasileiro, não perdeu valor de mercado, tampouco o cartel de serviços prestados ao clube atual, a ponto de merecer somente uma proposta de um ano de renovação por parte do Flamengo.
É possível discutir se, com o desempenho das últimas temporadas, o atacante merece reajuste de 50% de salário, que já é um dos mais altos do Brasil. Mas, pela idade e os movimentos recentes dos grandes clubes nacionais, ele dificilmente teria problemas em receber ofertas superiores a três anos de contrato de outras equipes.
Recentemente, o Palmeiras, um dos interessados na contratação de Gabigol, repatriou o meia Felipe Anderson, de 31 anos, com um vínculo até o fim de 2027. No encerramento da última temporada, o próprio Flamengo renovou com Bruno Henrique, 33, por mais três anos de contrato. Por que o maior ídolo do clube pós-Zico aceitaria permanecer por um prazo três vezes inferior?
Ao mudar drasticamente a oferta do ano passado e oferecer apenas uma temporada pela renovação ao jogador mais vitorioso e emblemático de sua gestão, Landim transfere a responsabilidade de uma eventual saída ao atacante, blindando-se do custo político de perdê-lo para um concorrente nacional, ainda mais em um ano eleitoral no Flamengo.
Gabigol andou pisando na bola e, pela resposta das arquibancadas, sabe que precisa reconquistar a confiança do torcedor rubro-negro. De qualquer forma, não merece uma proposta estapafúrdia como senha para se retirar pela porta dos fundos, um desrespeito ao ídolo que a diretoria faz questão de rifar sem a menor cerimônia.