Por azar, Yuri Alberto, que voltou a marcar gols e ser decisivo no Corinthians, fraturou a costela após uma dividida com Murilo no clássico entre Palmeiras e Corinthians. O jogo terminou empatado e repleto de emoções nos minutos finais, incluindo o golaço de falta de Rodrigo Garro, que decretou o empate corintiano com dois homens a menos e um jogador de linha substituindo Cássio no gol, e a joelhada do zagueiro palmeirense.
Nas redes sociais, o lance despertou a indignação seletiva de muitos corintianos que enxergaram maldade de Murilo e cravaram que o jogador adversário teve a intenção de lesionar Yuri Alberto. Uma proporção exagerada a uma dividida que, em campo, resultou apenas em cartão amarelo aplicado pelo árbitro Raphael Claus ao zagueiro.
A própria dinâmica da jogada “absolve” Murilo de culpa pela infelicidade do colega de profissão que acabou se machucando depois da pancada. Ele olha para a bola, que estava em disputa no alto, e chega a tocá-la com o joelho antes de atingir Yuri Alberto. É uma dividida dura, sem dúvida, mas de jogo e acidental, tanto que o árbitro hesita num primeiro momento em mostrar o cartão amarelo.
Há quem critique Murilo por não ter se desculpado ou acudido Yuri Alberto. Ora, em um clássico pegado até o fim e com o adversário em busca do empate, é o tipo de cortesia que rivais costumam evitar para não correr o risco de serem acusados de falta de competitividade pelos próprios torcedores.
Há quem questione se Murilo não deveria ter recebido cartão amarelo antes, por pegadas fortes em cima de Romero no primeiro tempo. Aí, sim, uma ponderação justa, pois o zagueiro poderia ter sido expulso por dois amarelos após a chegada em Yuri Alberto se Claus tivesse mantido o mesmo rigor de outros lances.
De qualquer forma, é injusto vilanizar Murilo pela lesão do centroavante corintiano. A joelhada não foi maldosa e havia bola em disputa na jogada. Apesar da infeliz consequência da pancada, o zagueiro, ao contrário do que muitos sugerem, não deveria pegar nenhum gancho ou ser julgado por tribunal – nem da esfera esportiva, muito menos da internet.
Se todo jogador tivesse que pagar pelo resultado de ações que resultam em lesão, Romero também deveria ter sido expulso pela entrada que tirou o capitão palmeirense, Gustavo Gómez, do clássico. Ou Fagner, que dessa vez levou a pior em falta cometida por Endrick e sofre com a desmedida pecha de atleta violento, teria muito mais vermelhos no currículo.
Para o Corinthians, mais importante que crucificar Murilo pela lesão de Yuri Alberto, é valorizar o comportamento do time que não desistiu de buscar o empate no Dérbi, mesmo em condições adversas, e ainda não perdeu sob o comando de António Oliveira. Início de trabalho promissor, ainda mais com todos os reforços à disposição.
Para o Palmeiras, fica a amarga lição de não desperdiçar tantas oportunidades de matar o jogo, sobretudo em um clássico. Ao todo, foram 20 finalizações do alviverde, mas somente cinco no alvo. As falhas primárias de Rony, que cometeu falta desnecessária no fim do jogo, e de Weverton, pelo golpe de vista mal-sucedido, acabaram camuflando a incômoda ineficiência do time de Abel Ferreira.