Aos 44 minutos do clássico entre São Paulo e Palmeiras, no Morumbis, Endrick deu um carrinho no zagueiro Arboleda e levou cartão amarelo – seu segundo no Campeonato Brasileiro. Em apenas quatro rodadas, o jovem craque palmeirense já está pendurado.
Isso porque escapou de ser advertido no jogo contra o Flamengo, quando cometeu cinco faltas, sendo pelo menos duas passíveis de amarelo, sobretudo o carrinho por trás em Bruno Henrique. A poucas partidas de se despedir do Palmeiras rumo ao Real Madrid, o atacante de 17 anos tem exagerado em entradas imprudentes.
O primeiro ponto de alerta é para a integridade física. Além de colocar em risco adversários, muitas vezes criticados por cacá-lo em campo – a exemplo de Maycon, que o parou com um carrinho violento no clássico com o Corinthians, no ano passado –, Endrick também acaba se expondo a lesões ao não medir força em algumas divididas.
Diante do Flamengo, quase levou a pior ao dar um carrinho em Varela, que o atingiu na altura da cabeça ao fazer a proteção da jogada na lateral. Em lance semelhante, agravou uma lesão na coxa ao deslizar pelo gramado do Allianz Parque ao se atirar nas pernas de um marcador do Novorizontino em busca de uma bola praticamente perdida, pela semifinal do Paulistão.
Por fim, o problema principal do excesso de ímpeto nas divididas é o aspecto disciplinar. Na reta final do Brasileiro, em 2023, Endrick teve de cumprir suspensão por acúmulo de cartões e desfalcou o Palmeiras em momento crucial da competição. Como um atacante que comete quase tantas faltas quanto recebe, pode ficar marcado pela arbitragem, sobretudo na Europa, onde a tolerância a infrações desnecessárias e desproporcionais costuma ser menor.
Endrick não é um jogador violento. Apesar da precocidade com que se tornou uma estrela, está em processo de desenvolvimento e ainda há tempo para calibrar o afã de ser voluntarioso e ajudar a equipe. Uma evolução necessária para evitar que a próxima etapa de sua carreira no Real Madrid seja prejudicada por confundir vontade com imprudência.