Pouco mais de 24 horas depois do atentado a tiros contra o ex-presidente Donald Trump, os Estados Unidos voltaram a chocar o planeta por falhas de segurança em eventos de massa. Dessa vez, em Miami, a final da Copa América entre Argentina e Colômbia precisou ser adiada em 1h20 por causa de distúrbios no entorno do Hard Rock Stadium.
Milhares de pessoas sem ingresso forçaram a entrada e invadiram o estádio. Diante da dificuldade de conter a invasão, as forças policiais ordenaram o fechamento dos portões. Muitos torcedores argentinos e colombianos ficaram feridos em meio à confusão, enquanto outros acabaram detidos.
Nem mesmo depois do incidente na semifinal entre Uruguai e Colômbia, quando jogadores uruguaios se envolveram em briga na arquibancada com parte da torcida colombiana, a organização da Copa América foi capaz de reforçar o efetivo policial e garantir um esquema de segurança adequado para a final. Com a alta demanda por ingressos, era mais do que previsível a aglomeração de torcedores em busca de entradas de última hora.
O torneio foi encarado pelos Estados Unidos como evento-teste para o Mundial de Clubes de 2025 e para a Copa do Mundo de 2026. E o país, reconhecido por sua tradição em promover grandes espetáculos esportivos, falhou miseravelmente na primeira amostra de maior proporção no futebol.
Em outra ponta, não menos culpada, está a Conmebol. Mais uma vez, a confederação sul-americana vê um de seus principais torneios terminar em baderna. Em 2017, também houve invasão de torcedores na final da Sul-Americana, no Maracanã. No ano seguinte, a decisão da Libertadores entre Boca Juniors e River Plate foi transferida para Madri por causa de um atentado contra o ônibus dos xeneizes.
Já no ano passado, brigas entre torcedores de Boca e Fluminense se espalharam pelo Rio de Janeiro antes da última final continental. Semanas depois, o clássico Brasil x Argentina foi paralisado devido a uma pancadaria generalizada nas arquibancadas do Maracanã.
Justamente pela reincidência de episódios violentos em estádios da América do Sul, a Conmebol decidiu levar a Copa América para os Estados Unidos, em parceria com a Concacaf, mas, sobretudo, instigada pelo plano de turbinar o faturamento com a venda de ingressos e propriedades comerciais. Todavia, mesmo longe do continente sul-americano, a competição não ficou imune a falhas grotescas de organização e segurança.
A começar pelo tamanho reduzido dos gramados, imposição dos estádios norte-americanos aceita pela Conmebol e que gerou reclamações de praticamente todas as seleções, assim como a logística dos campos de treinamento, muito distantes dos hotéis e dos locais de jogos na maioria das cidades-sede.
Ostentando arenas que custaram bilhões de dólares, os Estados Unidos se mostraram incapazes de oferecer condições básicas para a realização um torneio com 16 equipes. Em dois anos, o país sediará a primeira Copa com 48 seleções e vai precisar melhorar muito se não quiser protagonizar um vexame ainda maior.