Fluminense sucumbe ao City, mas impressiona o mundo pela coragem de jogar

Diniz sabia que a missão no Mundial era praticamente impossível e, apesar do poderio inglês, se manteve fiel ao estilo que o levou à final

22 dez 2023 - 17h18
(atualizado às 17h19)
Arias foi o melhor em campo do Fluminense diante do Manchester City
Arias foi o melhor em campo do Fluminense diante do Manchester City
Foto: Getty Images

Deu a lógica. O Manchester City se impôs e venceu o Fluminense por 4 a 0 na final do Mundial de Clubes. Mesmo desfalcado de Haaland e De Bruyne, o time de Pep Guardiola era franco favorito ao título, que amplia a superioridade das equipes europeias sobre as sul-americanas alicerçada pela desigualdade econômica.

Embora tenha sofrido um gol após erro de Marcelo, aos 40 segundos de jogo, o Flu demonstrou poder de reação e enorme personalidade para se recuperar no duelo. Convicto em sua filosofia, Fernando Diniz dobrou a aposta na obsessão pela bola — e vários jogadores ao redor dela — para tentar surpreender um adversário muito mais técnico e estrelado.

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Nos primeiros 20 minutos, a equipe tricolor superou a marca de 60% de posse de bola, arriscando passes com Fábio desde a pequena área e envolvendo a primeira linha de marcação do City. Um feito raríssimo na era Guardiola, que, em 95% dos jogos à frente do time inglês, terminou com maior posse que o oponente.

Evidentemente, pelas limitações físicas e de elenco, seria complicado o Fluminense sustentar o mesmo ritmo ao longo dos 90 minutos. Mas, se quisessem ter alguma chance de bater os campeões europeus, Diniz e seus comandados teriam de flertar com o impossível.

Um flerte que chegou a dar esperanças à torcida, como no lance do pênalti sofrido por Cano, mas anulado por impedimento na origem da jogada. Até que o gol contra de Nino, na sequência de um passe milimétrico de Rodri para Foden, representou um banho de água fria que devolveu o Flu à realidade. Sem pernas para seguir pressionando a saída do City, à exceção do bravo e incansável Arias, a equipe carioca foi para o intervalo com menos posse, porém com a mesma precisão de passe (91%).

De forma previsível, o segundo tempo foi de controle e dosagem por parte do Manchester City, que transformou a vitória em goleada sem grandes esforços, enquanto o Fluminense tentava resistir e atacar com a energia renovada de John Kennedy, que não conseguiu ver sua estrela brilhar como na final da Libertadores.

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Não há vexame nenhum em ser goleado pelo City, clube que tem faturamento 10 vezes maior que o Fluminense e investe em média 1 bilhão de reais por ano em contratações. Um universo totalmente distante do futebol brasileiro, que mantém o jejum de mais de uma década no Mundial de Clubes.

Mesmo que resolvesse mudar radicalmente seu estilo de jogo, Diniz poderia fazer até mágica que, ainda assim, seria improvável que o Flu vencesse a final. Jogadores e treinador não negociaram com ideais e convicções. O recorte dos 20 minutos de equilíbrio e envolvimento com a bola impressionou o mundo pela coragem de jogar. O dinizismo ganha novos adeptos e, apesar da derrota tão amarga quanto esperada, encerra 2023 consagrado pela temporada mais fantástica da história tricolor.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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