Uma vaquinha entre torcedores viabilizou a tradicional “rua de fogo” dos colorados antes do jogo no Beira-Rio, que recebeu mais de 50.000 torcedores para uma noite inesquecível de Copa Libertadores. Fazendo valer cada ingresso, o Internacional apresentou seu melhor futebol do ano, venceu o River Plate no tempo normal por 2 a 1 e carimbou a classificação em disputa dramática de pênaltis, derrubando o atual campeão argentino.
Chacho Coudet foi o grande protagonista da remontada. Em apenas seu quinto jogo no comando, o treinador argentino mudou completamente a cara da equipe e, mesmo depois de vacilar em partidas recentes, conseguiu a primeira vitória neste retorno ao Inter no momento mais apropriado.
O estilo agressivo, marca característica do técnico, se mostrou presente desde o primeiro minuto. Querendo ter a bola, e brigando por cada metro do campo para retomá-la, o Colorado se impôs diante de um adversário poderoso e igualmente bem treinado por Martín Demichelis. Além da força coletiva, contou com atuações individuais de altíssimo nível.
Mercado, ex-River, foi gigantesco na defesa e apareceu como elemento surpresa na área rival para abrir o placar aos 25 do segundo tempo. Cinco minutos depois, Enner Valencia arrancou pela esquerda e acabou parado com falta. O atacante equatoriano provou que é um jogador especial, infernizou a defesa millonaria com sua movimentação e fez toda a diferença.
Alan Patrick cobrou a falta e, com dose de sorte, viu a bola desviar na barreira e morrer no canto do goleiro Armani. O capitão voltou a ser decisivo. Mesmo atuando mais avançado com Chacho, cumpriu bem a função de maestro do time, sem contar a liderança em campo.
Pelo que produziu, com mais posse de bola e 12 finalizações, o Inter poderia ter liquidado a fatura no tempo normal. Não fosse a penalidade de Enzo Díaz em cima de Bustos, não marcada pelo árbitro uruguaio Andrés Matonte no primeiro tempo, e o vacilo da defesa colorada no finalzinho, que permitiu o gol de Rojas.
A torcida, machucada por eliminações recentes nos pênaltis, a exemplo de Melgar (Sul-Americana), Caxias (Gauchão) e América (Copa do Brasil), sentiu o golpe, mas não deixou de acreditar. Depois de nove cobranças, coube ao goleiro Rochet decretar a classificação do Internacional, que cresce na hora certa.
Virou pra cima de um time mais consolidado, com alma revigorada pelos reforços de Rochet, Aránguiz, Bruno Henrique e, principalmente, Enner Valencia. Mas, acima de tudo, pela proposta de jogo corajosa e copeira de Coudet, que sai com a merecida vaga nas quartas da Libertadores e permite ao torcedor colorado sonhar alto com uma nova conquista da América.