Nenhum jogador, por mais talentoso que seja, tem titularidade garantida simplesmente por ostentar um contrato milionário. Na base da carteirada, James Rodríguez tentou forçar a barra para ser titular do São Paulo, mas não colou nem com Dorival Júnior nem com o recém-chegado Thiago Carpini.
A carreira do craque colombiano tem sido marcada por guerras frias com técnicos que ousaram deixá-lo no banco. Foi assim no Bayern de Munique, com Nico Kovac. Da mesma forma com Zinedine Zidane e Rafa Benítez, no Real Madrid. E novamente com Benítez no Everton, da Inglaterra.
Embora pouco mostrasse em campo para desfazer o status de reserva, James teve dificuldades de aceitar que já não era mais o jogador que brilhou na Copa do Mundo de 2014. Aos 32 anos, segue com a canhota calibrada e mantém intacta a categoria de um legítimo camisa 10, mas lhe faltam a dinâmica e a mobilidade essenciais no futebol moderno.
Na seleção colombiana, James entrou em atrito com Reinaldo Rueda, que resolveu barrá-lo e não o convocou para a Copa América de 2021. Após a saída do técnico, o meia conseguiu recuperar seu lugar no grupo, porém, sem o mesmo cartaz de intocável de outros tempos.
Durante o período no São Paulo, o colombiano disputou 14 jogos e marcou somente um gol. Quando teve oportunidades, pouco produziu para se credenciar como titular. Nesta temporada, Carpini preferiu segurar o meia até que tivesse condições físicas ideais, mas ele optou por sair do clube após não ser relacionado para a Supercopa do Brasil.
Sem propostas atraentes de outras equipes e com mercado restrito no exterior devido a seu alto salário, James voltou atrás e pediu para permanecer no tricolor. Por um lado, o custo para mantê-lo no elenco diminui a margem de contratações em outros setores mais carentes da equipe. Por outro, Carpini ganha um “reforço” interessante para a temporada. Seja para variar o esquema atual, seja para substituir Lucas Moura ou Luciano em situações pontuais.
O fato de ter buscado a comissão técnica e líderes do grupo para se desculpar por não ter viajado com a delegação para a Supercopa indica que James desceu do pedestal e entendeu que terá de brigar pela posição se quiser ser titular. Ciente de sua condição de apenas “mais um” no elenco, o meia pode, enfim, dar retorno técnico ao São Paulo, ainda que dificilmente seja proporcional ao valor para bancá-lo até o fim do contrato, em meados de 2025.