Lesão de Neymar pode representar divisor de águas para a seleção

Diniz perde seu camisa 10 nas próximas convocações e tem a oportunidade de abrir caminho a novas lideranças técnicas

18 out 2023 - 20h09
Neymar ficará fora por pelo menos seis meses da seleção
Neymar ficará fora por pelo menos seis meses da seleção
Foto: Wesley Santos/Gazeta Press

O diagnóstico da lesão de Neymar é um baque e tanto para o início de trabalho de Fernando Diniz à frente da seleção. Rompimento do ligamento cruzado e do menisco do joelho esquerdo, necessidade de intervenção cirúrgica e pelo menos seis meses de recuperação – período que pode se estender por até um ano.

Se por um lado o treinador lamenta a perda de seu camisa 10, por outro, ele tem a chance de reinventar o time durante a ausência do craque. Ao longo de sua passagem, Tite tentou atenuar a “Neymardependência” com maior repertório coletivo e variadas formas de construção ofensiva, como o apoio por dentro dos laterais.

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Em 2019, após Neymar ter sido cortado da Copa América por lesão no tornozelo, a seleção conquistou o torneio com direito a vitória sobre a Argentina na semifinal. Naquela época, Tite ainda contava com Philippe Coutinho na armação e foi bem ao encaixar Gabriel Jesus como ponta-direita, um dos melhores momentos do atacante vestindo a camisa amarela.

Todavia, a certeza de que Neymar era fundamental ao time nunca havia sido abalada, tanto que o craque chegou à Copa de 2022 novamente como protagonista inconteste e a equipe perdeu poder de fogo depois de sua torção de tornozelo na estreia contra a Sérvia.

Agora, o momento é diferente. Neymar, aos 31 anos, marcado pelo histórico de lesões que afetaram sua participação em três Mundiais, já não ostenta o mesmo grau de confiabilidade de outros tempos. Pelo contrário, ao escolher atuar na Arábia Saudita, aumenta as incógnitas sobre sua forma física e técnica, ainda mais após mais uma lesão grave na carreira.

O Brasil precisa de alternativas, até mesmo pensando no longo prazo. E, nesse sentido, a nova ausência prolongada de Neymar pode representar um divisor de águas para a seleção. Diniz deve ter como prioridade construir um time e um ambiente propícios para o surgimento de novas lideranças técnicas.

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Talentos não faltam. Raphinha, Gabriel Martinelli, Paquetá, Raphael Veiga, Bruno Guimarães, Rodrygo, Vinicius Jr… A maioria das opções para o ataque e a criação no meio-campo é jovem e bem-sucedida no futebol europeu. Entretanto, poucas delas conseguem reproduzir o desempenho dos clubes na seleção.

O caso mais flagrante é o de Vini Jr. Um dos melhores jogadores do mundo na atualidade, inclusive acima de Neymar, o craque do Real Madrid fez uma primeira Copa do Mundo abaixo das expectativas e segue sem brilhar com regularidade pela seleção. Mais do que posicionamento ou função tática, a grande questão parece ser a falta de confiança para arriscar e se soltar como em Madri.

Esta é a oportunidade, a começar pelos próximos jogos contra Colômbia e Argentina, desses talentos assumirem o trono de protagonista que por mais de 10 anos pertenceu a Neymar e jamais foi ameaçado. Não que uma equipe dependa do protagonismo de um único jogador, mas é essencial que os craques, em um sistema coletivo organizado, sejam capazes de fazer a diferença.

Diniz tem duas missões urgentes daqui para frente. Incorporar sua identidade de jogo à seleção e convencer coadjuvantes de que chegou a hora de assumir o papel principal. Sem Neymar, o sucesso de uma depende da outra.

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Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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