Uma decisão do ministro do STF, Gilmar Mendes, reconduziu o então afastado Ednaldo Rodrigues à presidência da CBF, ainda que provisoriamente, já que duas chapas se articulam para tomar o poder em nova eleição que pode acontecer ainda este mês, sob supervisão da FIFA.
Qualquer que seja o resultado (permanência de Ednaldo ou vitória de um dos candidatos de oposição), a maior vítima do caos e do golpe político que acometem a confederação é Fernando Diniz. Desgastado pelos maus resultados da seleção em 2023, o técnico corre o risco de ser rifado por todos os lados.
Embora tenha topado o acordo para dirigir a equipe até o meio deste ano, à espera da prometida chegada de Carlo Ancelotti, que não vem mais, Diniz não tem o respaldo, muito menos a lealdade de Ednaldo, que trata a efetivação de um treinador como prioridade em sua volta à cadeira de presidente.
Será uma tremenda covardia com o técnico, prejudicado pela bagunça da atual gestão na CBF e, também, pela própria indefinição de sua continuidade desde que foi apresentado. O modelo de contrato, que o coloca como uma espécie de interino dividido com o Fluminense, não favorece o trabalho de longo prazo que precisa ser desenvolvido na seleção. Pelo contrário, toda a instabilidade no comando técnico jogou fora um ano de preparação para a Copa do Mundo de 2026.
Nesse contexto, apesar de sua parcela de responsabilidade, Diniz está longe de ser o principal responsável pela sequência ruim da seleção brasileira. No auge da carreira após conquistar a Libertadores com o Fluminense, o técnico tem condições de dar a volta por cima caso seja bancado e efetivado, com dedicação exclusiva à função, algo que nenhuma outra alternativa ao poder na CBF parece disposta a oferecer.
Tanto Reinaldo Carneiro Bastos quanto Flávio Zveiter, os dois postulantes ao lugar de Ednaldo Rodrigues, tendem a resetar a cadeia de comando na CBF para traçar um divisor de águas. Diante de um retrospecto cheio de marcas negativas, seria mais conveniente ao novo mandachuva buscar um novo técnico. E aí entra outro possível grande prejudicado nessa história: o clube que vier a perder seu técnico para a seleção.
Vistos como nomes mais cotados, Dorival Júnior e Abel Ferreira estão entre os favoritos para a sucessão da direção técnica. Para São Paulo e Palmeiras, perder treinador consolidado e vitorioso no começo de temporada seria um pesadelo, mesma situação do Fluminense se a escolha – cada vez menos provável – seja a permanência em regime de exclusividade de Diniz.
Em meio a uma batalha acirrada pelo controle da entidade, as maiores vítimas do golpe na CBF estão alheias ao poder. E justamente por isso, à mercê de pagarem o preço pela desordem crônica no comando do futebol brasileiro.