O iminente desfecho do futuro de Neymar, que deve rumar para a Arábia Saudita e fechar contrato bilionário com o Al-Hilal, tem despertado a contrariedade de muitos fãs do jogador, decepcionados com a troca do PSG por uma liga de menor apelo fora da Europa. Porém, em que pese a frustração de quem imaginava que o atacante priorizaria metas esportivas aos 31 anos, o movimento é coerente com uma carreira guiada pelo dinheiro.
Neymar pai nunca deu ponto sem nó. Nem mesmo quando levou o filho, então destaque nas categorias de base do Santos, para fazer testes no Real Madrid e voltou para casa sem contrato assinado com o clube espanhol. Aquele foi o gatilho para a família fechar o primeiro acordo milionário da carreira, bancado pelo time santista que temia perder sua grande promessa de 14 anos.
Por mais que Neymar Júnior, já no profissional do Peixe, tenha resistido a investidas de clubes europeus por quase quatro temporadas, até mesmo a permanência em Santos se mostrou altamente rentável para o craque, que, além da receita volumosa com salário, bônus e patrocínios, embolsou boa parte da polêmica transferência para o Barcelona.
Depois, quando trocou o Barça pelo Paris Saint-Germain, evidentemente a prioridade de Neymar não era esportiva, já que a Ligue 1 não figura no topo das mais competitivas do futebol europeu. Entretanto, ao menos ele e seu estafe tinham um bom argumento para justificar a mudança à margem da vantagem econômica: a possibilidade de ser protagonista do time e conquistar uma inédita Champions League para o clube.
Em Paris, não conseguiu uma coisa nem outra ao longo de seis temporadas. Sofreu com lesões e problemas extracampo, sem jamais alcançar a idolatria projetada diante da torcida do PSG. Por outro lado, Neymar pai, o gestor autoproclamado de sua carreira, seguiu se gabando por ter arquitetado a carreira de um dos jogadores mais bem pagos da história.
Não deixa de ser verdade. Em dois anos de contrato com o Al-Hilal, Neymar deve embolsar quase 1 bilhão de reais, fora acordos publicitários que turbinam seus lucros. Se a trajetória de um atleta fosse medida somente por aspectos financeiros, é inegável que o case da corporação NJR se trata de um retumbante sucesso.
Porém, em termos esportivos, a tendência é que Neymar continue sendo um jogador abaixo das expectativas geradas por seu talento. Muito por escolhas que sempre privilegiaram o dinheiro em detrimento do futebol. A liga saudita, que já conta com Cristiano Ronaldo e Benzema, terá ainda mais visibilidade com o craque brasileiro, mas nada comparável ao cenário europeu sob o ponto de vista de quem um dia sonhou em se consagrar como melhor jogador do mundo.
Se tivesse construído uma carreira orientada para o alto rendimento, Neymar poderia ter conquistado títulos e prêmios individuais em proporção semelhante à de Cristiano Ronaldo e Messi. Provavelmente seria tão rico como hoje. Mas entre a certeza do retorno financeiro garantido e a aposta de plantar para colher no futuro, a gestão familiar nunca hesitou em tomar o caminho mais curto.