Neymar no Al-Hilal decepciona fãs, mas coroa uma carreira guiada pelo dinheiro

Por mais frustrante que seja para admiradores de seu futebol, jogador apenas comprova que metas esportivas nunca foram sua maior ambição

14 ago 2023 - 11h24
(atualizado às 11h28)
Neymar encaminha saída do PSG para o Al-Hilal
Neymar encaminha saída do PSG para o Al-Hilal
Foto: Getty Images

O iminente desfecho do futuro de Neymar, que deve rumar para a Arábia Saudita e fechar contrato bilionário com o Al-Hilal, tem despertado a contrariedade de muitos fãs do jogador, decepcionados com a troca do PSG por uma liga de menor apelo fora da Europa. Porém, em que pese a frustração de quem imaginava que o atacante priorizaria metas esportivas aos 31 anos, o movimento é coerente com uma carreira guiada pelo dinheiro.

Neymar pai nunca deu ponto sem nó. Nem mesmo quando levou o filho, então destaque nas categorias de base do Santos, para fazer testes no Real Madrid e voltou para casa sem contrato assinado com o clube espanhol. Aquele foi o gatilho para a família fechar o primeiro acordo milionário da carreira, bancado pelo time santista que temia perder sua grande promessa de 14 anos.

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Por mais que Neymar Júnior, já no profissional do Peixe, tenha resistido a investidas de clubes europeus por quase quatro temporadas, até mesmo a permanência em Santos se mostrou altamente rentável para o craque, que, além da receita volumosa com salário, bônus e patrocínios, embolsou boa parte da polêmica transferência para o Barcelona.

Depois, quando trocou o Barça pelo Paris Saint-Germain, evidentemente a prioridade de Neymar não era esportiva, já que a Ligue 1 não figura no topo das mais competitivas do futebol europeu. Entretanto, ao menos ele e seu estafe tinham um bom argumento para justificar a mudança à margem da vantagem econômica: a possibilidade de ser protagonista do time e conquistar uma inédita Champions League para o clube.

Em Paris, não conseguiu uma coisa nem outra ao longo de seis temporadas. Sofreu com lesões e problemas extracampo, sem jamais alcançar a idolatria projetada diante da torcida do PSG. Por outro lado, Neymar pai, o gestor autoproclamado de sua carreira, seguiu se gabando por ter arquitetado a carreira de um dos jogadores mais bem pagos da história.

Não deixa de ser verdade. Em dois anos de contrato com o Al-Hilal, Neymar deve embolsar quase 1 bilhão de reais, fora acordos publicitários que turbinam seus lucros. Se a trajetória de um atleta fosse medida somente por aspectos financeiros, é inegável que o case da corporação NJR se trata de um retumbante sucesso.

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Porém, em termos esportivos, a tendência é que Neymar continue sendo um jogador abaixo das expectativas geradas por seu talento. Muito por escolhas que sempre privilegiaram o dinheiro em detrimento do futebol. A liga saudita, que já conta com Cristiano Ronaldo e Benzema, terá ainda mais visibilidade com o craque brasileiro, mas nada comparável ao cenário europeu sob o ponto de vista de quem um dia sonhou em se consagrar como melhor jogador do mundo.

Se tivesse construído uma carreira orientada para o alto rendimento, Neymar poderia ter conquistado títulos e prêmios individuais em proporção semelhante à de Cristiano Ronaldo e Messi. Provavelmente seria tão rico como hoje. Mas entre a certeza do retorno financeiro garantido e a aposta de plantar para colher no futuro, a gestão familiar nunca hesitou em tomar o caminho mais curto.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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