Nem Abel Ferreira nem seu auxiliar João Martins poderão recorrer à cartada da teoria conspiratória para não reconhecer os méritos do São Paulo, que, pelo segundo ano seguido, elimina o Palmeiras da Copa do Brasil. O único sistema que impediu o time alviverde de avançar na competição foi o armado por Dorival Júnior, dentro de campo, para o jogo de volta no Allianz Parque.
Com a vantagem mínima construída no Morumbi, o técnico tricolor, desfalcado do volante Pablo Maia nesta quinta-feira, abriu mão de um volante marcador para preencher melhor o meio-campo quando o São Paulo tivesse a bola. Nestor, Alisson e Wellington Rato anularam, praticamente durante toda a partida, os principais jogadores palmeirenses.
Mesmo no momento em que sofre o primeiro gol, o tricolor já era superior, quebrando o ritmo do Palmeiras e crescendo aos poucos no ataque. Não se abalou, voltou ainda mais intenso no segundo tempo e conseguiu uma virada bastante representativa.
Pela primeira vez na era Abel Ferreira, os donos da casa sofreram uma virada jogando no Allianz Parque. Sétima derrota do treinador português para o São Paulo, seu maior algoz no Brasil.
Dorival, ainda que com mais de um time inteiro de desfalques e elenco menos farto de qualidade, alcançou a proeza de superar taticamente o ótimo Abel nos dois jogos das quartas de final, sem deixar brechas para eventuais contestações extracampo.
Se por um lado Abel e sua comissão podem se queixar de Anderson Daronco por não ter marcado falta de Luciano em Zé Rafael, passível do segundo cartão amarelo para o atacante são-paulino, Dorival poderia protestar de forma ainda mais enfática pelo gol anulado de Calleri, após o árbitro marcar falta inexistente de Diego Costa no volante do Palmeiras.
Fazendo valer a lei do silêncio imposta pela diretoria, a equipe alviverde saiu outra vez sem dar explicações sobre a eliminação, acumulando o quinto jogo consecutivo sem vitória. O time de Abel caiu de produção depois da última data-Fifa, e o discurso inflamado contra a arbitragem não deveria encobrir a necessidade de evolução coletiva para a sequência da temporada na Libertadores e no Brasileirão.
Sem cair no jogo de bastidor, o São Paulo não se permitiu abater por sair atrás no placar, tampouco por um gol mal anulado. Evoluindo nas mãos de Dorival, venceu quem soube usar a cabeça fria e o sistema — tático — a seu favor.