Nos pênaltis, o São Paulo derrotou o Palmeiras, levantou a taça que faltava da Supercopa do Brasil e fechou uma semana perfeita após quebrar o tabu contra o Corinthians em Itaquera. Do outro lado, o time alviverde lamenta o revés sem o sentimento de terra arrasada, mas engasgado com um rival que tem sido a pedra no sapato de Abel Ferreira nos últimos anos.
Desde que chegou ao Brasil, o treinador português sofre para encontrar um antídoto ao São Paulo, equipe que mais o venceu nesse período. Em 21 clássicos, são sete triunfos para cada lado e sete empates, além de duas eliminações seguidas do Palmeiras na Copa do Brasil e um vice-campeonato paulista.
Enquanto Dorival Júnior apostou em um meio-campo povoado para desbancar os palmeirenses no ano passado, Thiago Carpini recorreu a Nikão para substituir Lucas Moura, lesionado, e reforçar o lado esquerdo na decisão da Supercopa. Embora o meia-atacante tenha produzido pouco no ataque, a opção já indicava a prioridade por um time mais equilibrado e com capacidade de recomposição, algo que se manteve depois do intervalo com a troca de Nikão por Michel Araujo.
Já do lado alviverde, Abel outra vez lançou a dobradinha Marcos Rocha e Mayke pela direita, que sobrecarregou o setor defensivo são-paulino ocupado por Wellington e conseguiu boas jogadas em profundidade. Na esquerda, Rony tentava explorar as costas de Rafinha em velocidade e contava com a ajuda de Flaco López, ora saindo da área como um meia, ora guardando posição como pivô, sobretudo nas bolas pelo alto.
Mas a grande sacada de Carpini para equilibrar a balança com Abel, técnico mais longevo do futebol brasileiro, foi saber utilizar bem o banco de reservas, tanto para manter o gás da equipe como para reconfigurar o ataque com Erick, Ferreirinha e Galoppo. Assim, o tricolor conservou a solidez para resistir à maior posse de bola do adversário no segundo tempo.
Abel tirou Flaco López para a entrada de Jhon Jhon, e o Palmeiras perdeu sustentação ofensiva. Dessa vez, o técnico escolheu Luís Guilherme em vez de Breno Lopes, ambos pouco produtivos neste início de temporada. Sem Endrick, faltou poder de fogo ao time que acumulou 13 finalizações, mas acertou apenas três no alvo.
Depois do 0 a 0 no tempo normal, Rafael defendeu duas cobranças e sagrou-se como herói do título tricolor. Somadas à dificuldade contra o São Paulo, as penalidades são o calcanhar de Aquiles do trabalho de Abel no Palmeiras, que amarga sete derrotas em oito decisões por pênaltis.
É claro que o competente e vitorioso técnico português também já levou a melhor no Choque-Rei, como a remontada do título paulista em 2022 e a goleada de 5 a 0 em 2023. Porém, seu plano falhou novamente contra o maior algoz, que, historicamente, amplia a vantagem em mata-matas: 17 a 5. Freguesia incômoda para os palmeirenses, ainda mais por resistir à era mais vencedora do clube sob o comando de Abel.