O Campeonato Brasileiro começa neste fim de semana. Se antes era possível dizer que a competição nacional por pontos corridos tinha 10 ou 12 times em condição de brigar pelo título, hoje a realidade é bem distinta, com a prateleira de favoritos cada vez mais restrita.
Nas últimas seis edições do Brasileirão, somente três clubes levantaram a taça, sendo que dois deles têm praticamente polarizado a disputa pelo primeiro lugar: Palmeiras e Flamengo, donos dos elencos mais caros do país. Atual bicampeão consecutivo, o time alviverde ainda conta com o diferencial de Abel Ferreira, que, em menos de quatro anos, se tornou o treinador mais vencedor da história do clube.
Com o melhor elenco, o Flamengo, bicampeão entre 2020 e 2021, volta a subir na cotação de favoritos pelo status de Tite, técnico especialista em pontos corridos. Ambas as equipes faturaram seus respectivos campeonatos estaduais e tendem a concorrer novamente pelo título brasileiro, a não ser que, em algum momento da temporada, invertam a prioridade para as competições de mata-mata.
Quem mais ameaça figurar na prateleira de cima, rompendo a polarização entre a dupla, é o Atlético-MG, justamente o “intruso” em meio às conquistas recentes de cariocas e paulistas. Campeão em 2021, o time que chegou a brigar pelo título no ano passado ganhou o ótimo reforço de Gustavo Scarpa. Agora sob o comando de Gabriel Milito, um treinador de vocação ofensiva, o Galo tem potencial e fôlego para suportar o batido de 38 rodadas.
Fora os três, o restante dos possíveis concorrentes aparecem num escalão inferior. O Botafogo ainda não conseguiu reencontrar o rumo após cravar o melhor primeiro turno na edição passada e, na segunda metade do campeonato, entrar em parafuso. Faltou elenco, assim como lastro vencedor e organização interna.
Campeão da Copa do Brasil, o São Paulo perdeu Dorival Júnior para a seleção brasileira e descarrilou desde a promissora chegada de Thiago Carpini, que agora balança no cargo. Com James Rodríguez em xeque e Lucas Moura prejudicado por lesões, o elenco tricolor precisa sanar carências para lidar com um departamento médico sempre abarrotado.
Elenco não é problema no Internacional, que investiu pesado em contratações como Thiago Maia, Alario e Borré. Todavia, o grupo não deu liga com o trabalho do técnico Eduardo Coudet, que, embora tenha conseguido levar o time à semifinal da Libertadores, sofreu com a irregularidade no último Brasileiro. O rival Grêmio, vice em 2023, pode surpreender de novo, motivado pelo heptacampeonato gaúcho e o bom início de Diego Costa.
Correm por fora Athletico, Red Bull Bragantino, Corinthians e Fluminense, que, embora seja o atual campeão da Libertadores e tenha encorpado o elenco, desperta dúvidas diante dos primeiros meses de futebol inconsistente somado à média de idade acima dos 30 anos de boa parte dos titulares. Por um lado, a experiência ajuda em momentos decisivos. Por outro, pode se tornar um gargalo para uma temporada longa e desgastante.
O Brasileirão de 10 ou 12 times candidatos a títulos, definitivamente, ficou para trás. Agora, como nas principais ligas europeias, o panteão de grandes favoritos se restringe a duas ou três equipes. O que não significa dizer que Atlético, Flamengo e Palmeiras sobrarão no campeonato, mas sim que é bastante provável que a taça termine nas mãos de um deles.