Havia a expectativa sobre como a Fiel Torcida receberia o ex-treinador responsável por conduzir o Timão aos maiores feitos de sua história. Hoje do lado rubro-negro, depois de recusar proposta para retornar ao Parque São Jorge, Tite foi recebido com certa indiferença na Neo Química Arena, mais preocupada em ajudar a tirar o Corinthians da zona de rebaixamento.
No aniversário de 114 anos do alvinegro paulista, os mais de 45.000 corintianos focaram em realizar uma pulsante festa de comemoração e apoio incondicional ao time agora dirigido por Ramón Díaz, que finalmente entregou uma atuação convincente, enquanto o técnico do Flamengo viveu tarde para esquecer na antiga casa e presenteou o ex-clube com um adversário bagunçado e desequilibrado.
Com David Luiz substituindo Léo Pereira do lado esquerdo da zaga, Tite foi incapaz de neutralizar as infiltrações e passes em profundidade do Corinthians. Por ali, se aproveitando de uma falha do experiente zagueiro, Yuri Alberto, que havia entrado no lugar do lesionado Héctor Hernández, encontrou espaço para arrancar e cruzar na cabeça de Talles Magno, que abriu o placar pra os donos da casa.
Embora tenha chegado ao empate ainda no primeiro tempo, em cobrança de pênalti bem marcado e convertida por Pedro, a equipe carioca esbarrava em dificuldades para impor superioridade numérica no ataque e para se equilibrar na defesa, que sofria com as movimentações de Garro nas costas dos volantes.
Desorganizado em campo, apesar de ter lançado uma formação titular bastante decente, ainda que desfalcada de Léo Pereira, De la Cruz e Arrascaeta, o Flamengo ficava mais com a bola, mas era o Corinthians quem criava com maior volume e ameaçava o gol de Rossi.
No segundo tempo, Tite tentou dar dinâmica ao meio-campo ao promover a estreia de Carlos Alcaraz. Jogando como um segundo volante pelo lado esquerdo, o argentino por pouco não marcou em seu primeiro toque na bola. Hugo Souza saiu bem do gol.
Porém, como o novo reforço tem mais características ofensivas que defensivas, Léo Ortiz ficou sobrecarregado como primeiro volante, e Bruno Henrique era obrigado a recompor a todo momento pelo lado esquerdo. Dessa forma, o Corinthians seguia encontrando espaços para apostar em seu jogo vertical.
Numa dessas brechas, Garro achou Romero, que havia acabado de substituir Talles Magno, infiltrando nas costas da defesa. O paraguaio não desperdiçou a oportunidade cara a cara com Rossi. Em vantagem no placar, coube ao Corinthians se fechar, picotar a partida e inflamar a Fiel com muita transpiração e entrega.
Do lado rubro-negro, nenhuma subsituição de Tite surtiu efeito, como mais uma entrada improdutiva de Allan, em nova tentativa frustrada de estancar os espaços cedidos no meio-campo. Para completar a tarde infeliz, jogadores do Flamengo ainda sucumbiram ao descontrole emocional, caindo na pilha dos corintianos, que se aproveitaram de faltas e confusões para ganhar tempo.
Nem mesmo com um jogador a mais após as expulsões de Yuri Alberto, Cacá e Alcaraz, discreto atuando em função recuada, a equipe carioca conseguiu arrancar um empate nos acréscimos. Dos 35 gols sofridos na temporada, 24 saíram de bolas aéreas. Outro problema na conta de Tite, que não só levou a pior contra o ex-clube, como viu o Botafogo, próximo adversário do Corinthians, abrir seis pontos de diferença na liderança do Brasileiro.