Pelo segundo jogo consecutivo no Campeonato Brasileiro, o Flamengo foi prejudicado por decisões da arbitragem. No clássico contra o Botafogo, Raphael Claus deixou de dar cartão amarelo para o atacante Luiz Henrique, que comemorou gol usando uma máscara, ato passível de advertência na regra.
Já neste sábado, diante do Red Bull Bragantino, o árbitro Paulo César Zanovelli ignorou uma penalidade em cima de Luiz Araújo já no fim da partida, que poderia decretar a virada rubro-negra. Vitinho perdeu na corrida e acabou interrompendo a arrancada do atacante do Flamengo dentro da área.
O maior problema da arbitragem em Bragança Paulista foi a falta de critério do VAR, que apontou uma falta de De La Cruz na origem de um lance que terminou em expulsão de Lucas Cândido. Mesmo entendendo a jogada como acidental, o árbitro de vídeo recomendou a marcação da infração e, consequentemente, a anulação do vermelho aplicado ao defensor do Bragantino.
Embora o VAR tenha se mostrado diligente e rigoroso ao interpretar como falta o trança-pé do jogador uruguaio com o zagueiro Pedro Henrique, o mesmo critério não prevaleceu ao analisar a possível penalidade a favor do Flamengo.
Ao ser ultrapassado por Luiz Araújo, Vitinho começou a puxar ainda fora da área o atacante rubro-negro, que tentou insistir na jogada. Se quisesse cavar o pênalti, ele teria se jogado logo ao pisar na área. Mas Araújo só cai ao ser tocado mais uma vez pelo adversário. Em velocidade, qualquer toque no atacante gera desequilíbrio.
Dessa vez, porém, o VAR interpretou como lance normal. Em áudios divulgados pela CBF, Zanovelli diz que a queda foi “na passada”. A falta atribuída a De La Cruz também foi “na passada” e sem intenção, nem por isso o árbitro de vídeo deixou de recomendar a revisão. Por mais leve que tenha sido o contato, Luiz Araújo foi igualmente prejudicado pelas tentativas de obstrução do marcador.
Logo, o Flamengo tem razão ao reclamar da seletividade do VAR e da arbitragem. Não apenas pelo pênalti ignorado e o cartão sonegado no clássico, mas, sobretudo, para marcar posição no jogo de bastidor acirrado pelo discurso conspiratório de John Textor, dono do Botafogo, que tenta provar uma suposta manipulação de resultados no futebol brasileiro.
Enquanto não houver uma profunda reformulação no apito, a começar pela profissionalização e o melhor preparo dos árbitros, a lei de quem grita mais alto continuará vigorando entre os dirigentes. Por mais que a última intenção das reclamações seja a moralização da arbitragem, o Flamengo acerta em subir o tom diante das circunstâncias e dos erros que o prejudicaram em duas rodadas seguidas.