Venda de Estêvão mostra como Cruzeiro rasgou mais de meio bilhão de reais

Revelação do Palmeiras, negociada com o Chelsea por valor milionário, foi mais um talento desperdiçado pelo clube mineiro

23 jun 2024 - 07h00
Palmeiras oficializou a venda de Estêvão para o Chelsea, da Inglaterra
Palmeiras oficializou a venda de Estêvão para o Chelsea, da Inglaterra
Foto: Lance!

O Palmeiras anunciou neste sábado a venda de Estêvão, de 17 anos, para o Chelsea, em um negócio superior a 60 milhões de euros. Ao passo que o clube paulista enche os cofres com mais uma transferência milionária, quem lamenta a oportunidade desperdiçada é o Cruzeiro, que vê outra revelação de sua base gerar lucros exponenciais longe da Toca da Raposa.

No ano passado, o Athletico Paranaense vendeu Vitor Roque para o Barcelona por valor semelhante ao da transação de Estêvão, depois de tirar o atacante do clube mineiro pela pechincha de 24 milhões de reais. O jogador estreou como profissional pelo Cruzeiro, que, por não ter reajustado e renovado seu contrato antes de promovê-lo da base, acabou dando brecha para a rescisão por uma multa extremamente baixa.

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Enquanto o Palmeiras vai faturar cerca de 250 milhões de reais pela cessão dos 70% dos direitos econômicos de Estêvão, incluindo metas futuras previstas no acordo com o Chelsea, o Athletico negociou sua porcentagem de 85% dos direitos de Vitor Roque por 275 milhões de reais, também levando em conta as metas contratuais.

Isso significa dizer que o Cruzeiro, por não ter agido de forma profissional e preventiva para segurar ambos os talentos surgidos na base, simplesmente rasgou mais de meio bilhão de reais ao perder duas vendas que poderiam quitar metade da dívida do clube, transformado em SAF e vendido em 2022 por causa do acúmulo de passivos financeiros.

No caso de Estêvão, ele chegou à escolinha do time mineiro aos 10 anos. Por meio de transações irregulares, a diretoria do clube cedeu percentuais do jogador a terceiros enquanto ele ainda era uma criança, prática proibida pela Fifa. Sofrendo do mesmo expediente que usou para tirar Vitor Roque do América-MG, o Cruzeiro viu o Palmeiras se aproximar da família de Estêvão e levá-lo para São Paulo em 2021, aos 14 anos, idade em que já poderia firmar um contrato de formação.

Quando perdeu os dois jovens jogadores, o clube celeste se encontrava em processo de recuperação de uma profunda crise institucional, que resultou em investigação de dirigentes por suspeitas de fraudes e desvio de dinheiro. Graças ao amadorismo, que contrasta com o trabalho de excelência tocado por Palmeiras e Athletico nas categorias de base, o Cruzeiro deixou de lucrar alto com craques que ajudou a revelar. Nem mesmo escaldada, a Raposa perdeu o medo da água fria.

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Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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