Vilanização de Carlos Miguel diz muito sobre o Corinthians

Goleiro, que está prestes a trocar o clube pelo futebol inglês, foi fundamental ao garantir empate contra o Atlético Goianiense

12 jun 2024 - 08h39
Carlos Miguel foi um dos melhores em campo do Corinthians diante do Atlético-GO
Carlos Miguel foi um dos melhores em campo do Corinthians diante do Atlético-GO
Foto: HEBER GOMES

Embora tenha sido alvo de protestos de parte da torcida corintiana em Goiânia, Carlos Miguel fechou o gol e salvou o Corinthians de uma derrota no empate em 2 a 2 diante do Atlético-GO. O goleiro terminou o jogo com seis defesas, após seu time sofrer 22 finalizações do adversário, que pressionou, sobretudo, a partir da expulsão de Gustavo Henrique, ainda no primeiro tempo.

A decisão de escalá-lo foi bancada por António Oliveira e se mostrou determinante para o resultado. Em vez de apostar em Matheus Donelli, de 22 anos, o técnico optou por manter a titularidade do goleiro mais experiente, ainda que esteja prestes a fechar transferência para o Nottingham Forest, da Inglaterra.

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Substituto de Cássio, que trocou recentemente o Corinthians pelo Cruzeiro, Carlos Miguel se tornou vilão para torcedores que consideram sua saída uma traição ao time alvinegro. Aos 25 anos, o goleiro tem a chance de dar um salto na carreira bem no momento em que, enfim, foi promovido a titular depois de três temporadas na casa.

Quem abriu a porta de saída foi a própria incompetência administrativa do clube, mergulhado em uma enorme crise política. Ainda sob a presidência de Duilio Monteiro Alves, a diretoria corintiana topou a renovação de contrato que previa redução da multa contratual de 50 para 4 milhões de euros (menos de 25 milhões de reais) na virada deste ano.

Já na gestão de Augusto Melo, o Corinthians perdeu Cássio e promoveu Carlos Miguel a titular sem antes ajustar o acordo, que agora pesa para facilitar a transferência a um clube europeu, já que a multa rescisória representa apenas um entrave simbólico para sacramentar o negócio. A entrevista coletiva do atual presidente no início da semana refletiu bem a bagunça interna que tem afetado o time à beira da zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

António Oliveira escalou o goleiro por necessidade. Já havia perdido o antigo titular, que foi o principal líder do elenco nos últimos 12 anos, e tenta ganhar tempo até encontrar uma solução no mercado ou pegar confiança em alguma das alternativas disponíveis dentro do grupo.

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Carlos Miguel pode ser o segundo goleiro que deixa a equipe pela porta dos fundos na temporada, chamuscado por seguidas patacoadas do comando. A vilanização de mais um jogador que toma a legítima escolha de não permanecer nesse ambiente incerto, nebuloso e explosivo diz muito sobre o momento do Corinthians. Muito mais sobre as ingerências do clube que sobre o caráter do atleta.

Fonte: Breiller Pires Breiller Pires é jornalista esportivo e, além de ser colunista do Terra, é comentarista no canal ESPN Brasil. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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