O Fluminense não fez feio, apenas enfrentou o melhor Manchester City de todos os tempos, com o melhor treinador do mundo. Fato indiscutível. Por mais talentosa que seja a equipe numa final de Mundial de Clubes, ela já entra em campo em desvantagem sendo rival do colossal do time da Inglaterra. Dessa vez era o tricolor das Laranjeiras, que em nenhum momento deixou de ser corajoso. Dito isso, não se esqueça: o bilionário grupo City tem uma equipe de seis bilhões e novecentos milhões de reais. Apenas o meia Grealish, a contratação mais cara da história do clube, custou 620 milhões de reais quando veio do Aston Villa e pagaria sozinho a folha salarial do time carioca.
Para piorar, teve o gol do Manchester City com 40 segundos de jogo. Sim, foi o mais rápido de todos os mundiais. Um erro técnico na batida do Marcelo, muito mais do que uma jogada programada pela equipe inglês. A saída de bola nervosa demonstrou como o tricolor arrisca o tempo todo e acaba se expondo cedo demais. Como não mexer com a esperança do elenco motivado por Fernando Diniz? Eles também são fãs das três linhas defensivas que o rival é capaz de fazer; se conseguiram desestabilizar uma delas, lá estavam as outras duas intactas. Obra do artista Pep Guardiola, que elogiou a postura do Fluminense autoral de Diniz como uma reativação do que é o verdadeiro futebol brasileiro. Pep, não é bem assim... Somos mais plurais, viu? Mas valeu o elogio.
Matamos a curiosidade de ver um discípulo atuar contra o seu mestre. Num jogo em que todos queriam ficar com a bola, o Flu ficou mais tempo e a posse não é e nunca foi o suficiente. Consistência sim. Mesmo em um jogo que parecia fácil para o City, o elenco não perdeu a intensidade até o apito final - que foi a grande demonstração de respeito ao adversário. E também a grande discrepância técnica entre as duas equipes. O Fluminense não teve velocidade e força suficiente para quebrar a marcação do adversário
O técnico do clube inglês, inclusive, não menosprezou mesmo a partida e falou a cada lance como fez nas fases finais da Champions League. Faltaram os desfalques que gostariamos de ver atuando no Mundial, De Bruyne e Haaland, ambos machucados. Mas ainda bem que faltou. A recomposição rápida desse Manchester City deveria ser emoldurada. Isso fez o Fluminense ter uma imensa dificuldade de ficar com a bola, não conseguiu atacar em bloco e ficou sem alternativa. O time inglês é preparado para correr e ter perna durante os 90 minutos de jogo; algo que a equipe carioca sentiu. Foram mais de 60 partidas na temporada (essa foi a de número 62), diferentemente do europeu no auge do meio do seu ano que nunca chegará à esse número de jogos.
O atacante Arias foi o mais inspirado - e merecia ter feito o gol de honra pelo suor que deixou na Arábia, uma entrega absurda. Claro que não teve o mesmo pique que Rodri, Foden e Bernardo Silva - nomes que impressionam. Quase todas as jogadas passarem por eles. Vale destacar ainda mais o dinamismo de Rodri, que aparece tanto por se deslocar da mesma maneira. Não aconteceu do outro lado, numa partida em que Keno ficou apagado e John Kennedy entrou e não conseguiu fazer milagre.
Palmas para o Fluminense. Não tem terra arrasada. Na verdade, o que existe é a diferença do próprio futebol. O torcedor deve ficar orgulhoso da equipe que se doou ao máximo, não deu o braço a torcer, lutou e manteve seus princípios. Para sonhar com um Mundial - ainda mais nos próximos anos, com o novo formato - será preciso mais. E no caso, estamos falando de dinheiro mesmo. Ou quem sabe de uma inspiração que não vemos há muitos anos no cenário nacional. Não foi com esse Dinizismo. Com mais renda e tempo, por quê não? Eu não duvido de nada no futebol.