Os problemas no Corinthians se multiplicam. Endividado, o clube está sendo cobrado na Justiça de São Paulo pela KPMG, que levou calote de quase R$ 1,5 milhão. A empresa havia sido contratada pela instituição na gestão passada para ajudar a agremiação a reestruturar suas finanças.
A empresa de auditoria prestou serviços ao Corinthians entre maio de 2021 e dezembro de 2023. Na ação, à qual o Estadão teve acesso e que corre no Foro do Tatuapé, em São Paulo, a KPMG cobra R$ 1.490.967,78, além de R$ 29.852,11, valores estes que são referentes à expedição da carta de citação ao clube, totalizando cobrança de R$ 1.520.819,89. A reportagem procurou o Corinthians, que afirmou que não se manifestará, por ora, sobre esse processo.
A dívida foi confessada por Duílio Monteiro Alves, ex-presidente do Corinthians e antecessor de Augusto Melo, atual mandatário, em documento assinado em 30 de dezembro de 2023, antepenúltimo dia de sua gestão. Foi Duílio que assinou o contrato com a empresa, em maio de 2021. Ele foi procurado e deu sua versão sobre o caso (veja a nota no final do texto).
Segundo o acordo firmado entre as partes, os débitos deveriam ter sido quitados até o dia 20 de janeiro deste ano, em parcela única, mas a empresa "não recebeu valor algum do montante confessado", alega a KPMG no processo.
As dívidas do Corinthians
O balanço do último ano da gestão de Duílio no Corinthians apontou que o clube tem um endividamento líquido de R$ 886 milhões. Segundo estudo da EY, houve uma queda de 4% em relação à temporada anterior (R$ 927 mi), e uma elevação de 138% no período analisado (2014 - 2023). O aumento da dívida do clube se deu especialmente nos últimos cinco anos.
- 2019: R$ 784 milhões
- 2020: R$ 949 milhões
- 2021: R$ 928 milhões
- 2022: R$ 927 milhões
- 2023: R$ 886 milhões
Vale ressaltar que os números não levam em consideração a dívida com a Caixa Econômica Federal pelo financiamento da Neo Química Arena. De acordo com o ex-diretor financeiro do Corinthians, Rozallah Santoro, a pendência é de R$ 706 milhões atualmente. Assim, somado o endividamento líquido, o clube tem um passivo de aproximadamente R$ 2,1 bilhões. Recentemente, o Corinthians ofereceu a quitação da dívida com o repasse do valores dos naming rights e a compra dos créditos em contratos de Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS). O banco considerou a oferta "inviável" e recusou.