A janela de transferências, que até vinha bem para o Corinthians, passou a ter um saldo totalmente negativo para o clube quando perdeu o atacante Róger Guedes para o Al-Rayyan, do Qatar. O Timão fez de tudo para convencer o atleta a ficar, mas foi em vão. Agora, a direção corintiana está preocupada com a possibilidade de perder mais jogadores em um período em que só pode contratar atletas livres no mercado.
As constantes investidas de clubes europeus pelo zagueiro Murillo são a situação que mais tem causado preocupação à diretoria da equipe alvinegra. Nas últimas semanas, o Time do Povo recebeu uma proposta da Fiorentina, da Itália, mas recusou os 12 milhões de euros (R$ 64,6 mi, na cotação atual) oferecidos pela Viola. Também houve um contato mais intenso, com valores apresentados, por parte de outra agremiação italiana, o Napoli, que não chegou a um alinhamento financeiro nas tratativas com os corintianos e preferiu seguir para o 'plano B', que é Nathan, do Bragantino. O Sevilla, da Espanha, também fez sondagens. Agora, a bola da vez é o Wolverhampton, da Inglaterra, que demonstrou interesse no defensor corintiano.
De qualquer forma, os ingleses não devem evoluir nas negociações, pois indicam que não desejam pagar um valor maior do que os 12 milhões de euros que o Corinthians já havia recusado ao receber a proposta da Fiorentina. A ideia do time alvinegro é receber, no mínimo, 20 milhões de euros (R$ 107, 6 milhões) pelo jogador. A única maneira de algum clube mudar isso é oferecer um modelo de negócio em que o Timão mantenha parte do percentual do atleta. Atualmente, a equipe do Parque São Jorge detém 80%, enquanto os outros 20% pertencem ao profissional e seu estafe.
No entanto, não é apenas a situação de Murillo que preocupa o departamento de futebol corintiano. Alguns atletas têm recebido sondagens constantes, como Moscardo, Biro e Wesley. Embora nenhum monitoramento desses jogadores tenha evoluído para algo maior, os R$ 90,1 milhões, correspondentes à meta de arrecadação com vendas de ativos nesta temporada, já foram alcançados e até superados (já foram obtidos mais de R$ 100 milhões). A ideia do Timão é segurar esses jovens o máximo possível, por duas razões: esportiva e financeira.
No campo de desempenho dentro das quatro linhas, a 'molecada' é o grande trunfo do bom momento vivido pelo Corinthians sob a direção do técnico Vanderlei Luxemburgo. Como já perdeu um dos poucos ativos considerados inegociáveis, que é Guedes, perder uma promessa que tem contribuído em campo seria um golpe duro para o clube alvinegro. E em termos financeiros, a despedida de um jogador promissor nesta fase da temporada poderia significar uma venda antes de um possível pico de maturação do ativo, onde ele poderia render ainda mais dinheiro ao Timão em um futuro próximo. Além disso, isso encheria ainda mais os cofres corintianos em termos de negociações, em um momento de metas já alcançadas. A compreensão é de que ter essas opções na 'prateleira' será fundamental para cumprir os mesmos objetivos nas próximas temporadas.
Embora seja detentor dos direitos federativos corintianos, a equipe do Parque São Jorge compreende a dificuldade de manter os atletas quando desejam sair. O caso de Róger Guedes é um exemplo, embora neste episódio um acordo entre clube e jogador feito na chegada do atleta, em agosto de 2021, tenha sido crucial para que o Corinthians não fizesse jogo duro para liberar o atacante.
Por outro lado, a equipe alvinegra tem observado o empenho e dedicação desses jogadores mais jovens em defender o Timão, mesmo sabendo que competir com as sedutoras opções da Europa e, atualmente, até mesmo do mundo árabe é uma tarefa muito complicada.
PONTOS POSITIVOS DA JANELA
Em termos de chegadas, o Corinthians conseguiu suprir duas carências que vinham incomodando, sendo a principal delas a contratação de um meio-campista para dividir as responsabilidades com Renato Augusto, mas que também fosse capaz de cumprir uma função tática nos momentos de possíveis ausências do camisa 8.
O paraguaio Matías Rojas é o jogador que o Timão buscava desde a saída de Willian, no segundo semestre do ano passado. Vindo do Racing, da Argentina, mas contratado estando livre no mercado, pois não renovou o contrato com o clube argentino, que se encerrou no fim de junho, o atleta joga na função de armador e também como construtor pelas laterais.
O problema é que logo em sua segunda partida com a camisa corintiana, Rojas sentiu o tornozelo esquerdo após uma dividida com o lateral Matheus Bahia, no jogo contra o Tricolor de Aço, pelo Brasileirão. Isso acendeu o sinal de alerta no departamento de futebol corintiano quanto à possibilidade de contratar um atleta com o mesmo histórico de instabilidade física que Renato Augusto tem.
Na defesa, Lucas Veríssimo chegou. Após as saídas de Balbuena e Robert Renan no primeiro semestre, a contratação de um zagueiro foi vista como prioridade pela diretoria corintiana. Depois de três meses de negociações com o estafe de Veríssimo, eles conseguiram um acordo também com o Benfica, de Portugal, que detém os direitos do atleta.
Lucas foi contratado por empréstimo, com validade de um ano. Ele agora está seguindo um cronograma de condicionamento físico para poder estrear, já que na temporada passada ele jogou pouco após se recuperar de uma lesão no joelho sofrida no fim de 2021, o que o deixou de fora da temporada por praticamente um ano inteiro (340 dias).
A contratação de um volante também foi vista como prioridade pela direção corintiana durante o período pré-abertura da janela de transferências, quando a equipe já estava planejando e iniciando negociações para a contratação de jogadores. Gustavo Cuéllar, ex-Flamengo e que estava no Al-Hilal, da Arábia Saudita, quase foi contratado por 3 milhões de dólares (R$ 14,7 mi, na cotação atual). No entanto, perto de finalizar as tratativas, o Al-Shabab, outra equipe saudita, ofereceu os 5 milhões de dólares (R$ 24,4 milhções) desejados pelo Hilal, e ficou com o jogador colombiano. Também houve uma tentativa de contratar Zé Welison, do Fortaleza, que foi completamente interrompida pela diretoria do Leão. No entanto, a descoberta do jovem Gabriel Moscardo fez com que o Timão entendesse que o grande reforço para a posição estava em casa, encerrando, assim, a busca por um atleta da posição.
Chegou a ser considerada a possibilidade de contratar um jogador para o lado do campo, mas a compreensão era de que isso não era necessário, até porque Rojas também poderia atuar nessa função. Com a saída de Guedes, essa aquisição passou a ser mais importante, mas ocorreu em um momento em que o mercado já não estava mais aberto para transações. A única opção para o Corinthians agora seria a contratação de alguém sem contrato, mas jogadores nessa condição geralmente não agradam ao departamento de futebol do clube.
Alexis Sánchez foi oferecido. Ele está livre após não renovar com o Olympique de Marseille, da França. No entanto, não está nos planos corintianos, pois é visto como centroavante, posição que não está carente. Além disso, a parte salarial está distante do que o clube do Parque São Jorge pretende investir, caso avance por algum reforço que esteja em condição de liberdade contratual.
Também foi cogitada a possibilidade de contratar um lateral-esquerdo, o que era do interesse do técnico Vanderlei Luxemburgo. Alan Rodríguez, paraguaio que joga no Rosario Central, da Argentina, e Paulinho, brasileiro que joga no Midtjylland, da Dinamarca, foram sondados, mas os valores ficaram aquém do que o Timão estava disposto a pagar.
É improvável que o Corinthians faça novos investimentos para a contratação de jogadores até o dia 15 de setembro, a data limite para inscrições de jogadores no Brasil.