O Corinthians que terminou na quarta colocação do Campeonato Brasileiro do ano passado manteve praticamente toda a sua base para esta temporada. E o técnico Tite tem sabido aproveitar essa vantagem muito bem. Na verdade, faltou pouco para os 11 titulares ideais de 2015 serem jogadores que já estavam no clube sob o comando de Mano Menezes – atualmente, a única exceção é Emerson Sheik, que começaria o ano na reserva se Malcom não estivesse na Seleção Sub-20 no início do ano.
O resultado é que os reforços que chegaram para essa temporada têm encontrado dificuldades para ganhar um espaço de destaque. Na vitória por 2 a 0 sobre o São Paulo na última quarta-feira, pela Copa Libertadores, Tite só mexeu no time a partir dos 43min do segundo tempo. Nomes que vieram cercados de expectativa, como Edu Dracena e Vagner Love, não saíram do banco. Edilson e Mendoza também são considerados reservas. Já o ídolo Cristian, nem entre os reservas ficou.
O Corinthians de 2015 e seus reforços | |
Time-base | Cássio; Fagner, Felipe, Gil e Fábio Santos; Ralf; Jadson, Elias, Renato Augusto e Emerson; Guerrero. Só Sheik não estava em 2014 |
Vagner Love? | Ainda sem a melhor forma física, deve ter dificuldades para se encaixar em um sistema com apenas um atacante e que depende da bola aérea, mas será boa alternativa ofensiva |
Cristian? | Também está em longo processo de aprimoração da forma física, mas dificilmente vai tirar a vaga de Ralf, apesar dos problemas do camisa 5 na saída de bola |
Mendoza? | É um dos reforços mais utilizados por ter uma característica de velocidade quase única no elenco, mas tem status de reserva |
Edilson? | Reserva absoluto de Fagner, que vem fazendo ótima temporada |
Edu Dracena? | Chegou como provável parceiro de Gil, mas viu Felipe fazer partidas seguras e até ser decisivo contra o Once Caldas. Deve esperar por uma queda de rendimento do concorrente para entrar no time |
Tite parece ter encontrado um grupo de 11 jogadores com características ideais para a implantação de seu novo esquema, com apenas Ralf à frente da defesa e atrás de uma linha composta por Jadson, Elias, Renato Augusto e Emerson. O peruano Guerrero é o nome principal para o comando do ataque, mas, sem ele, o time apostou em Danilo nos dois últimos jogos da Libertadores para manter forte a bola aérea. Funcionou, mas Tite vê espaço para que o camisa 9 volte à equipe sem prejudicar o rendimento e a movimentação.
"Sim, pode, porque (Guerrero) é um jogador pivô móvel. Não é só o cara da última bola. Se der liberdade para o lado direito, ele tem infiltração; se abrir o lado esquerdo, ele gosta para trazer o pé direito; e ele também vem de frente para trás, trabalhar nas costas dos volantes. Mas se não tem equipe, se não tem grupo...", disse Tite, frisando que não gosta de usar a palavra "titular" para se referir aos jogadores que, no momento, estão jogando mais.
E apesar de aproveitar pouco até agora os reforços de 2015, o treinador não deixou de reclamar do limite de apenas sete jogadores no banco de reservas na Copa Libertadores. "Tem certas coisas que parecem que andam para trás. O técnico tem 11, 12 jogadores para colocar no banco (no Brasileiro), aí vem para a Libertadores, só pode sete, no Paulista, só pode sete. Tive que deixar jogador que vem fazendo grande trabalho fora, como Petros, Luciano, Cristian", lamentou.
No momento, a situação das novas caras não é promissora. Vagner Love chegou com pompa de astro, mas vai se encaixar em um sistema com apenas um atacante, que é bastante usado para a bola aérea? É mais provável que sirva como "plano B" quando o Corinthians precisar de outro homem de frente ao lado de Guerrero. Já Edu Dracena terá que esperar por uma queda de rendimento de Felipe, que começou muito bem 2015. Os demais devem mesmo ser apenas jogadores de grupo. Tite mudou a formação, mas acertou ao manter o entrosamento e a vivência dos titulares do ano passado.
"Os atletas abraçaram uma forma e uma metodologia", elogiou. "Nós buscamos, construímos e merecemos o resultado. Não é conversa, é treinamento. Acredito mais na ação do que no falar. Por isso, digo aos atletas: treinem forte, porque aí não tem aquela história de ritmo de jogo. Se treinar forte, não vai sentir, a única diferença vai ser o emocional, a pressão". Até agora, com duas vitórias em clássicos e 100% na Libertadores, tem dado certo.